Uma lista de complexos médicos públicos e beneficentes foi divulgada recentemente pelo governo estadual dentro da chamada pública da Copel Distribuição. Essas instituições serão atendidas pelo programa de Eficiência Energética, com investimento de R$ 35 milhões a serem aplicados em projetos para a redução do consumo e, consequentemente, dos custos da energia elétrica.

A iniciativa, em parceria com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a Copel, envolve nesta primeira fase 41 hospitais de 33 municípios, sendo 14 na região Norte/Norte Pioneiro do Estado. Os recursos da estatal são a fundo perdido, ou seja, sem a necessidade de pagamento, e a redução média no valor da conta de luz para as instituições de saúde é estimada em 75%, permitindo a reserva de recursos para investimentos em serviços voltados para a população.

Uma parte expressiva desta diminuição é referente à instalação de sistemas de geração de energia solar. Dos 41 projetos aprovados, por exemplo, 37 serão contemplados com plantas de geração de energia fotovoltaicas. De acordo com o presidente da Copel, Daniel Slaviero, alguns dos projetos selecionados irão investir também “na substituição de lâmpadas e equipamentos por aparelhos mais modernos, ambientalmente corretos”.

Para a seleção das instituições, foram considerados critérios socioeconômicos e técnicos, como o número de leitos destinados ao SUS (Sistema Único de Saúde), o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município em que o hospital está instalado e a dificuldade para o pagamento da fatura da energia elétrica.

TROCA DE EQUIPAMENTOS

Em Rolândia, na RML (Região Metropolitana de Londrina), o diretor do Hospital São Rafael, Paulo Boçois de Oliveira, estima reduzir entre 50% a 70% a conta de energia, que gira em torno de R$ 30 mil mensalmente. “Com essa redução, nossa expectativa é quitar a dívida com a Copel, que ultrapassa R$ 4 milhões. Vamos entrar no Refis (Programa de Recuperação Fiscal) para poder pagar, aos poucos, esse valor acumulado”, comenta.

A instituição fundada há 64 anos, atende cerca de 11 municípios, envolvendo uma população de mais de 130 mil pessoas. Cerca de 90% dos atendimentos são do SUS. “Esperamos que a implantação do programa seja o mais rápido possível. Contratamos uma empresa para desenvolver um projeto que contempla tanto a instalação de placas fotovoltaicas como a troca de equipamentos que consomem mais energia, como o ar condicionado”, diz.

Santa Casa de Arapongas quer ampliar o pronto-socorro
Santa Casa de Arapongas quer ampliar o pronto-socorro | Foto: Divulgação/Santa Casa de Arapongas

NOVO PRONTO-SOCORRO

A Santa Casa de Arapongas, também na RML, irá utilizar os recursos que seriam destinados ao pagamento da fatura de energia elétrica para os custos com folha de pagamento e serviços, já que a instituição dará início às obras de ampliação do novo pronto-socorro. O espaço que ocupa hoje uma área de 100 metros quadrados, passará a ter 637 m2.

“Estamos em fase final do processo licitatório e o início das obras estão programadas ainda para este mês. Essa construção irá aumentar nossos custos e com a vinda deste projeto, poderemos reverter o valor à população em forma de atendimentos”, explica Heloisa Toledo Volpato, diretora administrativa.

De acordo com ela, uma empresa de Curitiba foi responsável por elaborar o projeto para instalação de placas solares. “Está prevista a assinatura do contrato com a Copel para o mês de setembro. Hoje, nossa conta de energia gira em torno de R$ 40 mil e acreditamos que assim que implantado o programa, vamos conseguir chegar perto de zerar a conta”, considera.

A Santa Casa de Arapongas possui 101 leitos, sendo 81 SUS. “A maior parte dos nossos atendimentos são do SUS. Recebemos recursos do Estado e qualquer economia representa muito para a instituição”, completa.

CANALIZAR OXIGÊNIO

Assim como as demais instituições ouvidas pela FOLHA, o anseio da direção da Santa Casa de Misericórdia de Siqueira Campos, no Norte Pioneiro, é colocar em prática o projeto de instalação de placas solares para que o hospital possa ‘gerar’ a própria energia.

“Atualmente, gastamos em torno de R$ 6 mil com a conta de energia elétrica e, com a implantação dessas placas, estimamos uma redução no valor em 75%. Essa economia irá nos possibilitar aplicar os recursos na manutenção da instituição, como na compra de medicamentos e na reforma da estrutura física”, diz o diretor jurídico, Gustavo Henrique Ferreira de Jesuz.

A canalização de oxigêncio nas enfermarias e quartos é uma das melhorias previstas pela Santa Casa de Misericórdia, de Siqueira Campos
A canalização de oxigêncio nas enfermarias e quartos é uma das melhorias previstas pela Santa Casa de Misericórdia, de Siqueira Campos | Foto: Divulgação/Santa Casa de Misericórdia de Siqueira Campos

Ele cita que as melhorias mais urgentes são a troca de pisos das enfermarias, quartos e banheiros, além da canalização do oxigênio nas enfermarias e quartos. “Dessa forma, não precisaremos mais ficar arrastando cilindros. Hoje, só possuímos oxigênio encanado no centro cirúrgico e na sala de emergência”, explica.

Atualmente, a Santa Casa de Misericórdia de Siqueira Campos possui 54 leitos SUS e atende os munícipes de Siqueira Campos, em média e alta complexidade.

GARANTIA DE EMPREGOS

Também com o projeto de instalar placas de energia solar, o secretário executivo do Cegen (Hospital Casa de Saúde Dr. João Lima), em Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), Rangel da Silva, espera diminuir pela metade os R$ 25 mil gastos mensalmente com a conta de energia.

“Por conta da pandemia do coronavírus, tudo subiu. A princípio, esse valor poderá ser revertido na manutenção geral do hospital, na garantia de empregos e atendimento à população”, diz Silva. O Cegen conta hoje com 180 colaboradores diretos.

A instituição que atende cerca de 50 municípios realiza, em média, 1.200 atendimentos/mês dentro da rede de urgência e emergência. “Como presidente da Fehospar (Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviço de Saúde no Estado do Paraná), vemos uma sensibilidade do governo, juntamente com a Copel, ao olhar para os hospitais filantrópicos. Essa era uma demanda que as instituições já levavam para o governo, considerando toda a ajuda e suporte que os hospitais empenharam nos atendimentos da Covid”, destaca.

SEGUNDA FASE

Com a chamada pública, a Copel agora encaminhará os contratos para homologação pela Aneel. A previsão é que os acordos sejam assinados no início do segundo semestre, permitindo a execução e a respectiva obtenção dos benefícios com a redução da conta de energia. O prazo de execução é de 18 meses.

A expectativa do governo estadual é ampliar o número de centros médicos em uma segunda fase do projeto. “Queremos também levar a ação para as escolas públicas, ampliando a rede de sustentabilidade do Paraná. A proposta já está em andamento dentro do governo”, afirma o governador Ratinho Junior. (Com AEN)

image description
image description | Foto: Folha Arte

****


Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1