Imagem ilustrativa da imagem Grupo CCR arremata aeroportos do Bloco Sul com ágio de 1.536%
| Foto: Fernando Ogura/AEN

Com um ágio de 1.536,34%, a CPC (Companhia de Participações em Concessões), do Grupo CCR, arrematou nesta quarta-feira (7) os nove aeroportos do Bloco Sul, no leilão realizado na B3, em São Paulo. A empresa venceu a concorrência com uma proposta de R$ 2,128 bilhões. O valor de referência era de R$ 130.203.558,76. Além do Aeroporto Governador José Richa, em Londrina, do Bloco Sul também fazem parte os terminais Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR), Bacacheri (PR), Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Joinville (SC), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). No primeiro da série de três leilões de concessões em infraestrutura, chamada de Infra Week pelo Ministério da Infraestrutra, o governo federal arrecadou R$ 3,3 bilhões. No total, foram leiloados três blocos de aeroportos.

O valor da oferta da CCP para o Bloco Sul foi o dobro da segunda proposta, feita pela espanhola Aena Desarrollo Internacional, no valor de R$ 1,050 bilhão. O bloco teve ainda um terceiro interessado, a Infraestrutura Brasil Holding XII, com a proposta de R$ 300 milhões.

Fundado em 1999, o Grupo CCR atua nos segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana, aeroportos e serviços. No Paraná, por meio da Rodonorte, administra a cobrança do pedágio nas rodovias da região de Cascavel, no Oeste do Estado. Na administração de aeroportos, o grupo é o maior sócio privado na concessão do terminal de Confins, em Minas Gerais, e atua também na América Latina e no Caribe, onde opera aeroportos no Equador, na Costa Rica e em Curaçao. "Desde 2016, a CCR tem desenvolvimento de negócios nesse setor nos Estados Unidos e, por isso, já fizemos alterações logísticas e de passageiros em nove aeroportos americanos", disse a presidente da CCR Aeroportos, Cristiane Gomes.

A CCP também venceu a concorrência para o Bloco Central, com uma oferta de R$ 754 milhões para operar os aeroportos de Goiânia (GO), São Luís (MA), Imperatriz (MA), Teresina (PI), Palmas (TO) e Petrolina (PE), um ágio de 9.156,01% sobre o valor de referência, estipulado em R$ 8.146.055,39. "O preço é muito em função da matriz de risco dos projetos. O ágio nada mais é do que o reconhecimento dos riscos e as possibilidades de desenvolvimento de negócios e upsides do projeto apresentado", explicou o CEO do Grupo CCR, Marcos Cauduro. Os contratos de privatização terão validade de 30 anos.

O Bloco Norte foi arrematado pelo grupo francês do setor de infraestrutura Vinci Airports, com uma oferta de R$ 420 milhões para operar os terminais aeroportuários de Manaus (AM), Tabatinga (AM), Tefé (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista (RR). A oferta teve ágio de 777,47% sobre o valor de referência, fixado em R$ 47.865.091,02. O bloco também teve três concorrentes.

INVESTIMENTOS

Questionados por jornalistas durante a coletiva de imprensa realizada após o leilão, nenhum dos executivos das empresas vencedoras detalharam os investimentos que serão feitos em cada um dos terminais, mas segundo projeto do governo federal, para o terminal de Londrina a promessa é que o aeroporto ganhe em conforto. Há previsão de investimentos de R$ 273 milhões, com duas fases de obras. A primeira deve ser realizada de 2024 a 2035 e inclui a maior parte das obras previstas, como ampliação e melhorias na pista de pouso e decolagem, a construção de um novo terminal de passageiros e reforma no terminal já existente, além de construção e adequação das pistas de taxiamento.

A segunda etapa acontece entre 2036 e 2051 e prevê a ampliação do terminal de passageiros e dos pátios e pistas de taxiamento. A promessa é que Londrina será beneficiada a médio e longo prazos, em razão do aumento de voos e rotas para outros destinos, favorecendo a industrialização e o crescimento populacional do município e de toda a Região Norte do Paraná.

OUSADIA

Em discurso na B3, logo após a batida do martelo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, celebrou a "ousadia" do governo, de em meio a maior crise sanitária da história da humanidade e em meio a uma grave crise econômica, dar andamento ao plano de privatização dos aeroportos. "Tantas pessoas chegaram para nós dizendo que éramos loucos, que iríamos licitar aeroportos na maior crise aérea. Mas temos que aproveitar o excesso de liquidez lá fora. Temos que aproveitar as oportunidades e temos que sair na frente. Vamos superar a pandemia e temos o desafio da geração de emprego, que vai vir pela mão do investimento privado."

Freitas destacou os limites fiscais do governo e com eles justificou a necessidade de privatização. "Não há outro caminho para o investimento que não seja a iniciativa privada. Foi um leilão extraordinário que vai, em pouco tempo, se transformar em empregos", disse o ministro, sem fazer estimativas sobre os postos de trabalho que serão gerados com o fim da estatização dos aeroportos.

O governador do Paraná, Ratinho Junior, e o secretário estadual de Infraestrutura, Sandro Alex, acompanharam presencialmente o leilão na B3. O governador classificou o certame como "um sucesso" e destacou os investimentos que deverão ser feitos nos aeroportos do Estado com a privatização. "A princípio, o valor era de R$ 130 milhões e fechou com mais de R$ 2,1 bilhões, um investimento fantástico, onde praticamente 70% vão ficar nos aeroportos do Paraná", comentou Ratinho Junior. "Parabéns aos paranaenses que ganharam hoje um grande investimento de infraestrutura nos aeroportos, uma garantia de mais de R$ 1,8 bilhão nos nossos aeroportos", completou o secretário.(Com informações da Agência Estadual de Notícias)