Greve dos bancários é mantida
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segunda-feira, 16 de outubro de 2000
O Sindicato dos Bancários de Londrina está convocando a categoria e a população para uma manifestação hoje pela manhã em frente ao Banestado do Calçadão. Caso a privatização seja consumada, os manifestantes pretendem sair vestidos de preto em passeata pelas ruas do centro da cidade.
A greve dos funcionários do Banestado não sofreu nenhuma alteração ontem, mesmo com a divulgação de que o movimento tinha sido julgado abusivo pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) na sexta-feira. O Sindicato sustenta que essa informação foi transmitida de forma errada intencionalmente aos veículos de comunicação pelo Governo do Estado. A intenção era ficar martelando essa informação durante todo o final de semana, na esperança de que os bancários voltassem ao trabalho hoje (ontem), afirma o presidente do sindicato de Londrina, José Francisco da Silva. Não houve determinação do TST de retorno ao trabalho.
A posição dos sindicatos dos bancários do Paraná é de que houve a concessão parcial de liminar em apenas um item solicitado pelo banco, no que diz respeito à manutenção dos serviços essenciais e desobstrução do acesso às agências.
O advogado trabalhista Paulo Rogério Hegeto de Souza, de Londrina, analisou rapidamente o despacho do ministro presidente do TST, Almir Pazzianoto, a pedido da reportagem da Folha, e conclui que a posição do Sindicato dos Bancários é correta. O ministro não determinou, no despacho, a suspensão do movimento e nem considerou a greve abusiva. Isso só ocorre em sentença.
A advogada da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná e do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Miriam Gonçalves, também diz que não houve julgamento do mérito da questão e que, portanto, o ministro não poderia nem que quisesse declarar o movimento abusivo. Além disso, ainda temos audiência de conciliação na quarta-feira (amanhã) e enquanto houver tentativa de conciliação não pode haver julgamento, diz ela.
A advogada destaca que o fundamental do despacho do ministro Pazzianoto é que fica claro que ele foi induzido a erro. O ministro baseia seu despacho em um documento que não existe e que foi anexado pelo banco, maliciosamente. O documento citado pela advogada é a proposta de termo aditivo feita pelo Sindicato dos Bancários, pelo qual o banco asseguraria a manutenção do emprego dos funcionários do Banestado por 18 meses, a contar a partir da data da privatização do banco.
O ministro entendeu que existia esse acordo, mas o banco não assinou o documento. Se tivesse assinado, talvez, a greve não tivesse sido decretada, afirma. Ela informa que advogados representando os bancários entrariam ontem com recurso denominado agravo regimental no TST, esclarecendo os fatos.
Ontem, o banco não quis se pronunciar sobre a acusação do Sindicato. O presidente do Banestado, Reinhold Stephanes, disse, pela sua assessoria de imprensa, que está valendo a decisão do TST, considerando a greve abusiva. No entendimento da direção do banco, a declaração do ministro é clara e diz que os funcionários em greve se excederam em seus direitos. (Benê Bianchi e Carmem Murara)