Greve deixa clientes sem dinheiro
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segunda-feira, 09 de outubro de 2000
Carmem Murara De Curitiba
A greve dos funcionários do Banestado começa a atingir diretamente os clientes do banco. Correntistas estão sendo obrigados a enfrentar longas e demoradas filas para fazer operações no caixa eletrônico ou em caixas normais que funcionam apenas por algumas horas no dia. As principais agências de Curitiba estiveram com seus serviços de auto-atendimento congestionados ontem. Houve fila também nas unidades do centro que abriram para atender aposentados e empresas.
A paralisação não tem data para acabar e não surtiu efeito a tentativa de desmobilização feita ontem pelo presidente do Banestado, Reinhold Stephanes. O presidente do banco reuniu pela manhã gerentes de divisão e operacionais para pedir que eles garantissem o funcionamento das agências. A orientação foi para que tentassem conversar com os funcionários que aderiram à manifestação organizada pelo Sindicato dos Bancários. Muitos gerentes não se sensibilizaram com as palavras de Stephanes. Apenas as duas primeiras filas da platéia o aplaudiram.
O Sindicato dos Bancários quer manter a greve pelo menos até a privatização, marcada para a próxima terça-feira, 17. Ontem a Secretaria de Fazenda decidiu prorrogar o prazo do pagamento de impostos estaduais (ICMS e IPVA) que vencerem durante a greve.
A paralisação foi iniciada na semana passada para pressionar o banco a incluir no contrato coletivo de trabalho algumas cláusulas que dariam mais garantias aos bancários frente aos novos donos do Banestado. Eles pediram estabilidade de emprego por 18 meses e manutenção de agências. Além disso, pediram que fosse dado reajuste salarial e garantia do pagamento de horas extras. O banco não aceitou.
Em Londrina, cerca de 500 funcionários das sete agências e postos de atendimento, além das agências de Cambé e Ibiporã, ficaram parados durante todo o dia. A greve se concentra mais em Curitiba e Londrina, mas ontem algumas agências ficaram paradas até o meio dia em Cascavel, Foz do Iguaçu, Umuarama, Toledo e Paranaguá. Há greve ainda em Cambé e Ibiporã, segundo o Sindicato dos Bancários. Ao todo são 16 agências fechadas no interior e 30 em Curitiba. A agência de Arapongas e de Florianópolis (SC) aderiram à greve hoje.
Na JustiçaA Procuradoria Geral de Justiça recebeu ontem mais um pedido de investigação contra o processo de venda do Banestado. O documento pede que o Ministério Público investigue os critérios da transferência de créditos do banco para o governo do Estado, feita durante o saneamento, e quanto representa essa operação para os cofres públicos. A ação pede ainda que o governo do Estado fique proibido de contratar escritóros de advocacia para fazer a cobrança dos créditos transferidos. A terceirização do serviço iria contra a Constituição Estadual. Pela lei, esta função é da Procuradoria Geral do Estado.
Além desses dois pedidos de investigação há outra dezena sendo analisada por promotores e procuradores. Mas, segundo o promotor Rodrigo Chemin Guimarães, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, é quase impossível conseguir dar um parecer ou oferecer denúncia dos casos do Banestado antes da privatização. Falta tempo hábil. Hoje, os três senadores Osmar Dias, Alvaro Dias e Roberto Requião entram com uma ação judicial que pede o cancelamento do leilão do banco.
(Com Carolina Avansini e Cláudia Lopes)