Lojistas chegam a pagar 5% para utilizar os meios de pagamento eletrônicos
Lojistas chegam a pagar 5% para utilizar os meios de pagamento eletrônicos | Foto: Shutterstock



O Banco do Brasil decidiu entrar no negócio das maquininhas de pagamento pouco menos de duas semanas após o Bradesco anunciar o mesmo movimento. Assim como o concorrente privado, o Banco do Brasil terá uma parceria com a Cielo para vender maquininhas com marca própria. BB e Bradesco têm participação societária na Cielo. A meta do Banco do Brasil é vender no mínimo 125 mil maquininhas até o final do ano.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (10), durante a divulgação do lucro do banco no primeiro trimestre. O BB viu seu resultado crescer 20,3% nos três primeiros meses do ano, para R$ 3,026 bilhões. "A Cielo está no jogo para ganhar. Estamos nos adaptando aos tempos modernos, mas estamos no jogo para ganhar", afirmou o presidente do banco, Paulo Caffarelli, na apresentação do resultado. "Nossos clientes poderão contratar as máquinas e já sair com elas das agências."
Num primeiro momento, correntistas do BB e donos de cartões emitidos pelo banco não receberão qualquer tipo de benefício ao usar a maquininha, afirmou Marcelo Labuto, vice-presidente de negócios de varejo do BB.
No setor financeiro, o Santander Brasil é dono da GetNet, e o Itaú Unibanco tem no grupo a Rede.
Labuto afirma que o banco começou a estudar a entrada nesse mercado em janeiro deste ano. O objetivo é diversificar as fontes de receita do banco, capturando parte das taxas cobradas pelo uso da maquininha nos pagamentos, complementou. "Quando a gente trabalha com pessoa jurídica, é importante deter o fluxo de caixa das empresas dentro do banco, para que a gente consiga desenvolver melhores produtos, soluções de crédito e para que a gente possa atender melhor esses segmentos", disse Labuto.
A FOLHA pediu mais detalhes da decisão à assessoria do BB. Mas o banco não se manifestou até o fechamento desta edição.

EXPECTATIVAS
Representantes dos setores de comércio e serviços têm expectativa de que os custos para operar as máquinas diminuam com a entrada dos dois grandes bancos neste mercado. "Antigamente, praticamente só tínhamos a Cielo. Conforme a concorrência aumentou, o serviço ficou mais barato", afirma o diretor executivo da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) em Londrina, Vinícius Donádio.
Ele ressalta que antes do BB e do Bradesco, o Santander, o Banco Safra e o Sicoob já tinham entrado neste mercado. O que já ajudou a baixar as taxas. "Hoje, se o empresário tem um bom histórico e relacionamento com o banco, ele vai pagar 1,29% de taxa no débito e 1,89% na operação com cartão de crédito", conta. Para os demais, de acordo com ele, a taxa pode chegar a 3,7% no crédito. "Quanto maior a concorrência menor fica a taxa", ressalta.
A Abrasel, segundo o diretor, mantém parceria com o Sicoob que oferece melhores condições para os associados da entidade.
O presidente da ACP (Associação Comercial do Paraná), Gláucio Geara, diz que o setor vem acompanhando a chegada dos grandes bancos no segmento. "Mas precisamos saber o que eles vão oferecer em termos de taxas, principalmente para o micro e pequeno empresário", afirma. Geara alega que os valores ainda são muito altos. "Podem chegar a 5% de taxa", conta. Além disso, há o aluguel das máquinas que custam até R$ 100 por mês.
De acordo com o empresário, o mercado ainda é muito concentrado em bandeiras como Cielo, Visa e Mastercard. E precisa de mais concorrência. "Hoje, o comércio é muito dependente dos cartões. E nos serviços eles estão ganhando cada vez mais espaço. Em Curitiba, até as gorjetas dos garçons já são pagas pela máquina", ressalta. (Com Folhapress)