Imagem ilustrativa da imagem GOL suspende voos para Londrina no mês de abril
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

A companhia aérea GOL vai suspender pousos e decolagens no Aeroporto Governador José Richa, em Londrina, durante o mês de abril. Em nota, a companhia informou que "está atualizando a sua oferta de forma dinâmica, devido ao impacto da segunda onda da pandemia (de coronavírus), reduzindo a operação".

Os critérios que levaram a decisão de suspender as atividades em Londrina não foram revelados. A assessoria também não detalhou quais são as outras cidades do Brasil impactadas pela medida. Ainda conforme a nota, a expectativa é que as operações sejam retomadas em Londrina no mês de maio.

No site da GOL, clientes com passagens adquiridas para o mês de abril são orientados a remarcar os bilhetes sem taxas adicionais. No caso de passagens compradas por meio de agências de viagens, os passageiros devem entrar em contato direto com as empresas de turismo.

Em Londrina, a GOL oferece voos com desembarque em Guarulhos (SP), aeroporto internacional que dá acesso a toda a malha aérea com destinos pelo Brasil e para localidades no exterior.

As companhias aéreas Azul e Latam também realizam ajustes permanentes nas operações em razão da pandemia. No entanto, até o momento, não foram anunciadas alterações nos pousos e decolagens previstos para Londrina.

LOJISTAS

A suspensão das operações da GOL programadas para o mês de abril gerou ainda mais preocupação entre os lojistas que acumulam prejuízos desde março do ano passado, início da pandemia da Covid-19.

Dados da Infraero apontam que a movimentação de passageiros, considerando embarques e desembarques, caiu 58% em fevereiro deste ano em comparação com fevereiro do ano passado. Em 2020 foram contabilizados 66.299 passageiros no mês. Neste ano, o balanço mensal de fevereiro fechou em 28.129.

“Ontem só teve quatro voos. Não temos de onde tirar dinheiro para pagar as despesas. Estamos tentando lutar até onde a gente consegue, mas está muito difícil. Isso desanima bastante”, lamentou uma lojista que preferiu não se identificar.

Cerca de dez comerciantes mantêm os atendimentos no saguão do aeroporto. Alguns apenas por obrigação contratual em razão da licitação do espaço. Para interromper as atividades, além de quitar os aluguéis em atraso, seria necessário pagar taxas a mais e a multa pela quebra de contrato.

“A nossa atividade está totalmente inviável. Cada dia menos voos, menos passageiros, mas a gente continua com as obrigações junto à Infraero. Está muito desafiador. A Infraero [em Brasília] é bem inflexível em relação ao encerramento das atividades. As multas são muito altas. Você pode encerrar as atividades desde que pague a multa da licitação. Mas, em uma crise dessas, quem é que vai ter dinheiro para pagar isso tudo? Agora em abril eu vou pagar o aluguel do mês de outubro”, explicou a empresária Rosemara Santos.

Além dos anúncios prévios de ajustes nas malhas aéreas, é comum o cancelamento de voos ao longo do mês. Segundo os comerciantes, algumas aeronaves tem desembarcado com uma média de 30 passageiros, quantidade bem inferior a lotação máxima. “Nós, às vezes, nem vemos essas pessoas passando por aqui”, comentou.

Conforme os lojistas, a Infraero chegou a conceder descontos no valor dos aluguéis durante a pandemia e ampliou o prazo de vencimento para quitar a despesa. No entanto, foram acrescidos juros. Em alguns meses de 2020, o desconto chegou a até 50%. Porém, agora está em 10%, valor que não alivia o caixa diante do faturamento mínimo anual.

“A gente está desesperado. Não consegue ver uma luz no fim do túnel. Vai chegar um momento em que nós vamos ter que pagar dois aluguéis no mesmo mês por causa da prorrogação dos vencimentos anteriores com juros. Então você não vê assim uma esperança. Ficamos 60 dias [entre março e abril] com faturamento zero. A gente teve que arcar com os prejuízos, mas não tivemos isenção. Quando assinamos a licitação, tínhamos outro parâmetro na época”, explicou Santos.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Infraero, mas não obteve retorno até o momento.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1