Agência Estado
De Brasília
A gasolina e o óleo diesel serão reajustados em 7% nas refinarias a partir do dia 1º de março. Nas bombas, o aumento para os dois produtos será da ordem de 5%, segundo estimativas do governo. O querosene de aviação ficará 23% mais caro, com reflexo nos preços das passagens aéreas de no máximo 3%. Por outro lado, o gás de cozinha não sofreu nenhum aumento.
Os reajustes anunciados ontem também não deverão provocar nenhum reflexo nos preços do álcool carburante. Não havia aumentos de combustíveis desde o dia 7 de agosto do ano passado. De janeiro do ano passado até agora, os preços da gasolina na refinaria subiram 73,5%, enquanto o diesel subiu 70,8%.
Os aumentos foram divulgados ontem pelos secretários-executivos dos ministérios da Fazenda, Amaury Bier, e das Minas e Energia, Hélio Ramos. ‘‘Os preços do petróleo no mercado internacional tiveram uma variação importante nos últimos 13, 14 meses’’, justificou Bier. ‘‘Isso traz um impacto importante do ponto de vista da economia brasileira.’’
Ele disse que o governo ‘‘monitorará o preço do petróleo ao longo dos próximos meses, provavelmente até junho, antes de tomar qualquer nova decisão sobre os preços dos combustíveis. O reajuste deverá elevar a inflação calculada pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) em 0,13 ponto porcentual, no mês de março. Já sobre a inflação medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado para calcular as metas de inflação do governo brasileiro, o impacto será de 0,18 ponto, segundo Bier.
O secretário-executivo da Fazenda explicou que os aumentos dos preços dos combustíveis são decisões que envolvem pressões sobre a inflação, de um lado, e a conta-petróleo, por outro. A conta-petróleo registra as diferenças entre os preços de importação do petróleo e os preços cobrados do consumidor. Nos dois primeiros meses deste ano, por causa da alta do petróleo no mercado internacional, ela acumulou um saldo negativo de R$ 24 milhões. No entanto, o governo precisa que ela gere um superávit de R$ 3,6 bilhões neste ano, para fechar as contas públicas dentro da meta acordada com o Fundo Monetário Internacional.
Bier disse que o reajuste anunciado ontem não será suficiente para garantir os R$ 3,6 bilhões de saldo positivo neste ano. Porém, o governo conta com a queda no preço do barril do petróleo ao longo dos próximos meses – o que poderia dispensar novos reajustes.
Os mercados futuros projetam que a cotação estará em US$ 22,52 em dezembro. Se, na média do ano, o barril ficar em US$ 22,90 e o dólar permanecer nos níveis autuais, em R$ 1,775, será possível chegar ao resultado pretendido pelo governo (leia ao lado).
A abertura do mercado brasileiro de petróleo e derivados – que permitirá, por exemplo, a livre importação de combustíveis por qualquer empresa do setor – não ocorrerá mais em agosto deste ano, como está previsto na Lei do Petróleo, tendo sido adiada para janeiro de 2001. Bier explicou que o governo deverá propor o adiamento ao Congresso, por meio de um projeto de lei. ‘‘O mercado está conturbado para promover essa mudança nesse momento’’, disse Bier.