Depois de mais de um ano de estudos e negociações, foi anunciada oficialmente ontem a fusão da Herbitécnica, indústria londrinense de defensivos agrícolas, com a gaúcha Defensa, resultando na Milenia Agro Ciências - a maior empresa de Londrina e líder do setor na América Latina. Com parques industriais distribuídos em Londrina, Igarassu (PE), Taquari e Cruz Alta (RS), a nova empresa deve fechar este ano com faturamento de US$ 250 milhões.
Com mais de mil funcionários, a Milenia deverá ser oficializada no próximo dia 9 de novembro, em Londrina, durante solenidade que reunirá autoridades estaduais, empresários e fornecedores. As duas empresas nacionais estão associadas aos grupos israelenses Makhteshim Chemical Works e Agan Chemical Manufactures. Os diretores destas multicionais estarão presentes para o anúncio oficial, no próximo mês. A fusão das empresas representa, segundo o presidente da Milenia, Oswaldo Pitol, uma junção de esforços para melhor atender o mercado. Segundo ele, a fusão permitirá produzir com maior competitividade e melhor preço.
‘‘Resolvemos gastar energia unindo os esforços e garantindo melhor atendimento para nossos clientes’’, afirma Pitol. Desde o início da semana os novos diretores estão trabalhando em Londrina e em Taquari. A sede da Milenia deverá ser decidida até o próximo dia 9, quando a diretoria fará o anúncio oficial. Segundo Pitol, a preferência é para que a sede fique nas instalações da Herbitécnica, na Cidade Industrial de Londrina. Segundo ele, esta decisão depende de um convênio com o governo estadual. A empresa está reivindicando, junto à Secretaria de Fazenda, operações ágeis para utilização do crédito proveniente do recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Segundo Pitol, a empresa tem hoje aproximadamente US$ 5 milhões em créditos do imposto, relativos à comercialização de produtos feitos no Estado com imposto diferido. Estes créditos são provenientes de operações de importação interestaduais. ‘‘Pela lei temos direito de utilizar 40% deste imposto para compras. O que pedimos é a desburocratização deste crédito’’, afirma Pitol.
O pedido foi oficializado ao governo do Paraná. No Rio Grande do Sul, o convênio já está formalizado o que significa, afirma Pitol, que existe a possibilidade da sede da nova empresa ser instalada em algum dos parques gaúchos.
‘‘Mas estamos confiantes neste convênio com o governo do Paraná para que a sede da empresa fique em Londrina’’, afirma Pitol. Nesse caso, o recolhimento tributário vai engordar os cofres londrinenses. A Folha não conseguiu, ontem, fazer contato com o secretário de Fazenda do Paraná, Giovani Gionédis, para saber sobre o andamento das negociações. Na Receita Estadual, a assessoria informou apenas que transferência de crédito de ICMS não é incentivo fiscal.
Com a fusão, a idéia agora é aumentar a participação de vendas do grupo no Mercosul, Europa, Israel, Austrália e Estados Unidos. Segundo o presidente, atualmente as exportações para estes mercados rendem US$ 30 milhões/ano, cerca 13% do total do faturamento da empresa. O objetivo é fazer com que as exportações dobrem em dois anos.
A empresa projeta faturamento este ano para o setor agroquímico brasileiro de US$ 2,6 bilhões. Em 99, Pitol diz que o grupo pretende abocanhar nada menos do que 10% do mercado nacional, mantendo esta posição até o 2000. ‘‘A partir daí deveremos começar a experimentar crescimento’’, prevê. Segundo ele, o Brasil é a maior fronteira agrícola do mundo, com grandes áreas a serem exploradas. A estratégia para aumentar a participação no mercado nacional e internacional baseia-se em investimentos em pesquisa, tecnologia e novas linhas de produção. Até o próximo ano, a empresa deverá investir US$ 30 milhões.

RAIO X