O Fórum Desenvolve Londrina entregou, nesta quinta-feira (16), o resultado dos trabalhos realizados em 2022. Foram apresentados os dados do Manual de Indicadores de Desenvolvimento de Londrina, com a 11ª Pesquisa de Percepção da População sobre o município, e o Caderno de Estudos de 2022, que na 16ª edição, traz o tema “Londrina de Todos – perspectivas de trabalho e renda para londrinenses em situação de vulnerabilidade”.

Com o Manual de Indicadores, o Fórum Desenvolve Londrina pretende estimular a participação dos londrinenses na discussão e solução dos problemas de sua comunidade e fomentar o desenvolvimento econômico e social e estimular as ações comunitárias. O trabalho tem como base o levantamento de indicadores socioeconômico e culturais do município que permitam avaliar o desenvolvimento em áreas relevantes, que contemplam a saúde, educação, segurança pública, meio ambiente, cultura, tecnologia e economia.

“O Fórum cumpre seus papeis de entregar para a sociedade dados e informações relevantes, além de um estudo com propostas efetivas a partir da contribuição de especialistas que vivenciam a realidade de territórios vulneráveis, apontando para a construção de uma cidade cada vez mais humana, segura e saudável”, destacou o presidente da entidade, Leandro Henrique Magalhães.

Membro do Fórum, Fábio Pozza apontou os dois propósitos do caderno de indicadores. O primeiro, é servir de base para um amplo estudo que vai ser feito ao longo do ano e o segundo, verificar se o município caminha na direção proposta, sempre com o foco na Londrina de 2034, quando a cidade completará seu primeiro centenário. “Como é que gostaríamos que a cidade estivesse aos cem anos? Uma comunidade ativa e articulada, construindo uma cidade solidária, segura e saudável, tecnologicamente avançada, integrada com a região Norte do Paraná e globalmente conectada, com uma economia diversificada e dinâmica, gerando riquezas e promovendo o equilíbrio social, cultural e ambiental”.

O manual é composto por centenas de indicadores de fonte primária, obtidos a partir de pesquisa de opinião conduzida pelo próprio Fórum, e de fonte secundária, produzidos por outros órgãos e instituições. A íntegra do estudo pode ser consultada no site forumdesenvolvelondrina.org.br.

Entre os indicadores apresentados, alguns se destacam, como os 88,7% de londrinenses que afirmam que Londrina é uma boa cidade para se viver. Os que consideram a cidade bem cuidada e preservada somam 62,8% e 53,5% dizem sentirem segurança ao caminhar pelas ruas do bairro onde vivem, embora 35,7% relatam sentirem segurança ao caminhar pelas ruas da cidade.

Em relação à saúde e educação, os indicadores melhoraram em relação ao ano passado, mas mostram que a população entende que é preciso aprimorar os serviços nessas duas áreas. Quando questionados se a rede de saúde pública oferece um bom atendimento à população, 48,0% disseram que sim e 27,0%, afirmaram que não. Em 2021, as avaliações positivas correspondiam a 44,3%.

A avaliação do ensino revela um contentamento da população com as instituições de ensino superior, com 64,2% de satisfeitos com a qualidade da educação de nível superior ofertada à população. Um pouco abaixo do ano passado, quando o índice ficou em 64,7%.

Quando se avalia a rede básica de educação, no entanto, a percepção não é tão boa. Observa-se também que quanto maior o nível de ensino, menor a satisfação. Em relação à rede básica de educação infantil, 49,2% consideram de qualidade e apenas 28,7% afirmam que a oferta de vagas é suficiente para atender a demanda. No ano passado, os índices ficaram em 47,3% e 30,2, respectivamente. No ensino fundamental, 41,7% aprovam a qualidade e no ensino médio, 38,3%, contra 41,0% e 39,3%, computados em 2021.

O estudo quis saber se a cidade oferece uma boa perspectiva de futuro para os moradores e 62,8% responderam que sim, contra 54,2% no ano anterior, e 76,2% consideram ótima ou boa a qualidade de vida em Londrina. Entre os entrevistados, 83,7% não têm intenção de se mudar da cidade nos próximos 12 meses e 72,0% sentem orgulho de viver no município.

Os três pontos mais positivos citados por eles foram as áreas verdes (35,2%), coleta de lixo (30,2%) e lazer (26,3%). Entre as preocupações que afligem a comunidade, os moradores de rua foram citados por 35,3%, os buracos nas ruas, 34,0%, a segurança, 26,8% e o emprego, 21,2%.

Quando o assunto é a vida em comunidade, o estudo revela que a sociedade ainda tem muito o que melhorar em tolerância e respeito às diferenças. Nos últimos 12 meses, 13,5% das pessoas ouvidas relataram ter sofrido algum preconceito, sendo 30,9% relacionados à cor, etnia ou raça; 21,0% referente à orientação sexual e 16,0% sentiram-se discriminados por sua renda ou classe social. O preconceito de gênero foi citado por 12,3% e, em percentuais menores, também apareceram na lista o preconceito religioso, gordofobia, etarismo, xenofobia, discriminação por ser deficiente físico, por conhecimento e aparência.

Sobre engajamento social, os entrevistadores questionaram se Londrina tem serviços, projetos e programas para promover a redução da desigualdade e 33,5% discordaram e 29,0% concordaram. Do total de pesquisados, 62,8% discordaram da afirmação de que Londrina é uma cidade com pouca desigualdade social e 36,0% não concordam que as empresas e instituições da cidade atuem no sentido de promover ações para a redução das desigualdades.

Entre tantos indicadores, Pozza ressaltou o coeficiente de homicídios, que baixou para um dígito neste ano, ficando em 9,46 para cada cem mil habitantes. “A média de coeficiente de homicídio no Brasil é 22,8. Londrina está mais perto das cidades seguras do que das inseguras. Está bem, com menos da metade da média nacional e o índice está caindo. Mas se comparar com as cidades mais seguras do país, ainda pode melhorar muito”, avaliou.

Estudo destaca situação da população vulnerável no município

A questão da vulnerabilidade e da desigualdade foram o tema do Caderno de Estudos de 2022, que trouxe o tema “Londrina de Todos – perspectivas de trabalho e renda para londrinenses em situação de vulnerabilidade”. O trabalho é resultado dos debates realizados nos encontros semanais do Fórum Desenvolve Londrina e a escolha do tema tem como base os dados levantados no Manual de Indicadores.

Em 2021, o tema do estudo anual foi o sentido de pertencimento da comunidade londrinense e os membros do Fórum passaram a questionar se todo cidadão londrinense se sente pertencendo à cidade e reconhece que a cidade lhe pertence. A partir desse questionamento, surgiu a necessidade de aprofundar o debate acerca das população vulnerável.

Além de palestras, estudos de caso, Fórum de Debates e benchmarking, membros do Fórum visitaram uma comunidade em situação de grande vulnerabilidade em Londrina para conhecer de perto a realidade, com foco especial nas perspectivas de trabalho e renda. A visita, que teve a cooperação da Polícia Militar, serviu para que o grupo pudesse avaliar até que ponto o nível de desigualdade da sociedade brasileira se faz presente também em Londrina e impacta a vida das pessoas, criando situações de exclusão socioeconômica.

Desse trabalho, saíram 16 grupos de problemas e soluções e cerca de 80 tópicos de ações para solucionar os problemas. Entre eles, estão as propostas de mapear e diagnosticar os territórios vulneráveis, incentivar a formação de governanças territoriais, definir uma agenda anual de prioridades, integrar e articular políticas públicas setoriais, em áreas como educação, saúde e segurança.

Membro do Fórum, Paulo Sendin apresentou o resultado do estudo e chamou a atenção para duas expressões com as quais o grupo se deparou no decorrer das atividades: cidade invisível e não cidade. “A gente anda por Londrina, vê as pessoas em situação de vulnerabilidade, mas não percebe a cidade invisível, essa não cidade. A vulnerabilidade dificulta a oferta de oportunidades de forma equitativa.”

Lideranças presentes no evento para apresentação dos trabalhos realizados em 2022 elogiaram a iniciativa. O presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Angelo Pamplona, afirmou que o Caderno de Estudos auxilia a avaliar onde a cidade tem mais dificuldades para que os investimentos possam ser mais assertivos. “Não é a finalidade da Acil, mas temos como ajudar e os empresários também podem contribuir, trazendo o olhar para essa população e, junto desse olhar, vem o desenvolvimento. Quando você desenvolve uma região, toda a cidade se desenvolve junto.”

Representando o prefeito Marcelo Belinati no evento, o procurador-geral do município, João Luiz Martins Esteves, destacou a parceria do Fórum com a Prefeitura de Londrina. “O Fórum tem sido um parceiro muito importante para a prefeitura nos estudos na área econômica e, agora, na situação das pessoas vulneráveis, saímos na frente de outros municípios. Sabemos que esse problema econômico e social não é um problema somente de Londrina, mas a cidade dá um exemplo para si mesma e para os outros municípios do Brasil com esse estudo que irá fortalecer nosso entendimento sobre Londrina e indicar caminhos para atuarmos na área de promoção social.”(S.S.)