Fornecedores de cana da Usiban estão sem receber desde março
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Luciano Augusto<br> Reportagem Local
Mais de 60 fornecedores de cana da Usina de Açúcar e Álcool Bandeirantes (Usiban), em Bandeirantes (Norte do Estado), pressionaram ontem a direção da empresa a saldar as dívidas que se acumulam desde março do ano passado. Segundo o sindicato que representa a categoria, o valor devido já ultrapassaria os R$ 50 milhões mas a direção da usina estimou que chegaria a cerca de R$ 30 milhões. Os produtores ameaçam bloquear a saída de produtos caso o problema não seja solucionado nos próximos dias.
O produtor Mário Teixeira Marinho Neto, que acumula as presidencias do Sindicato Patronal de Itambaracá e da Associação dos Produtores de Cana do Norte do Paraná, explicou que o problema teve origem em um contrato assinado há pouco mais de dois anos, quando o agronegócio da cana prometia alta rentabilidade. A Usina ofereceu aos produtores arcar com todas as despesas de campo (corte, carregamento e transporte) e atraiu pelo menos uma centena de interessados, que havia dois anos amargavam perdas por causa da seca.
A promessa era que o primeiro corte seria feito em 2007, o que não aconteceu, e os fornecedores acabaram não recebendo o prometido na data combinada. ''Tem cana com 35 meses no campo'', apontou Marinho Neto. No início de 2008, a usina retomou o corte mas, segundo os produtores, passou a não honrar integralmente com os pagamentos. ''Hoje, eles mantêm a cana deles sem mexer, cortam a nossa e não nos paga. Isso está gerando um caos na região'', acusou o interlocutor dos plantadores de cana. Segundo ele, a Usiban teria que pagar em torno de 1,5 milhões de toneladas e mais cerca de 800 mil toneladas que ainda nem foram cortadas. ''A gente calcula que a dívida gire entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões'', estimou Marinho Neto.
O fornecedor Paulo Roberto Rensi explicou que o contrato não permite que a cana seja negociada com outra usina. Ele calculou que teria cerca de R$ 500 mil a receber da Usiban mas não sabe quanto nem quando isso será pago. ''Tudo isso está levando a um final infeliz da usina e nós produtores estamos nos sentindo lesados'', reclamou.
Ontem, os produtores foram até a Usiban e acabaram recebidos pelo diretor presidente, Daniel Meneghel, e pelo gerente agrícola, Israel Ferreira. Meneghel admitiu o problema mas não deu uma solução. ''Lamento que eu estou criando um problema social para todos mas não tenho condições hoje para falar a ninguém que amanhã eu vou pagar'', afirmou Meneghel. Ele negou que a dívida chegue a R$ 60 milhões. ''Deve ser mais ou menos entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões'', comentou. Conforme Meneghel, os problemas surgiram de forma inesperada e fizeram com que a empresa não tivesse condições de saldar suas dívidas.
Uma saída, segundo Meneghel, pode ser encontrada nos próximos dias. Ele pretende ir ao Rio de Janeiro negociar com a Petrobrás um contrato de venda de álcool com pagamento antecipado.