Força Sindical discute redução de trabalho
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 29 de junho de 2001
Luciana PomboDe Curitiba
A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais importante bandeira atual de luta dos integrantes de movimentos sindicais foi o principal tema debatido na reunião de ontem da Plenária Estadual da Força Sindical. A plenária foi uma preparação para o Congresso Nacional, que ocorre entre os dias 5 e 6 de julho em Praia Grande (SP).
Com certeza esta será nossa principal meta para o segundo semestre. As doenças de trabalho aumentaram entre 20% e 30% nos últimos cinco anos. E isso se deve ao ritmo de trabalho, que está mais intenso. Diminuir a jornada de trabalho é uma questão de saúde trabalhista, enfatizou Sérgio Butka, presidente estadual e vice-presidente nacional da Força Sindical.
De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), a produtividade no setor industrial aumentou 20% nos últimos dez anos. No setor automobilístico, a produtividade cresceu 60% no mesmo período. Diminuir de 44 para 40 horas a jornada de trabalho, os empresários terão quebra de 10% na produção. É uma forma de dividir com o trabalhador os ganhos já alcançados, observou o técnico Airton Gustavo dos Santos, do Dieese-SP.
A expectativa é de que a medida possa absorver no mercado de trabalho mais 1,7 milhão de pessoas que atualmente estão desempregadas. A mesma quantidade de desempregados da Grande São Paulo. Isso não quer dizer que o impacto no emprego seja tão grande quanto estimamos. Muitas máquinas podem substituir os trabalhos desempenhados hoje por trabalhadores, analisou ele.
A jornada de trabalho brasileira está acima dos países europeus e norte-americanos. Na Europa, a jornada de trabalho varia entre 36 e 38 horas semanais. Nos Estados Unidos, são 40 horas semanais.
Ainda foram discutidos temas como ampliação da participação nos lucros e resultados, ampliação dos espaços da cidadania no movimento sindical, discussões contra a discriminação de gênero, raça e etnia e fortalecimento das bases econômicas do movimento sindical. As mulheres e os negros continuam sendo amplamente discriminados. O salário é menor. No Paraná isso é acentuado. Principalmente em relação aos negros, destacou Butka. Ele acredita que situações como essa só serão modificadas com o empenho das lideranças de todos os estados brasileiros.
Atualmente, a Força Sindical representa no País cerca de 9 milhões de trabalhadores divididos em 1,4 mil sindicatos. No Paraná são quase 800 mil trabalhadores, divididos em 126 entidades.