SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito da Riachuelo (Grupo Guararapes), da Inbrands -dona da marca Ellus e operadora da Tommy Hilfiger no Brasil- e do grupo Martins, dono do Smart Supermercados, diante da crise do novo coronavírus.

Em relatório emitido nesta sexta-feira (3), a Fitch destaca que realizou uma revisão do setor de varejo no Brasil e vê um dano significativo no fluxo de caixa devido ao isolamento social ao fechamento do comércio e shoppings "por um período ainda incerto".

A agência também vê "danos significativos às estruturas de capital e ao perfil de liquidez", especialmente os de bens não essenciais e com "pouca penetração de vendas online".

"O segundo trimestre, em especial, deverá ser o mais afetado, mas a curva de recuperação na segunda metade do ano -caso a pandemia termine até lá- deve ser lenta, sobretudo para as varejistas que vendem bens discricionários, que abrangem moda, bens de consumo duráveis, lojas de departamento e eletroeletrônicos", diz a Fitch.

A agência vê um pior desempenho econômico devido a perspectivas de aumento do desemprego, deterioração da renda da população e investimentos reduzidos. "Estes fatores, combinados, deverão exercer pressão significativa na demanda, o que deve impedir uma recuperação mais forte da indústria, como previamente projetado nos cenários-base das companhias".

Dentre 11 companhias analisadas, apenas Riachuelo, Inbrands e Martins tiveram seus ratings rebaixados.

A Inbrans foi de CCC para CC, que indica que calote de algum tipo parece provável. Na avaliação, a Fitch cita "possibilidade de um processo de troca de dívida forçada por parte da companhia".

Ainda com grau de investimento, Riachuelo foi de AA- para A+ e Martins, de A para A-, ambas com possível alteração na capacidade de pagamento adequado devido ao momento econômico.

Segundo a Fitch, devido ao alto nível de incerteza no momento, novas revisões nas notas das companhias avaliadas podem ser feitas e não descarta novas ações de rating para estes emissores a curto prazo.

"A intensidade dos danos nos fluxos de caixa pode piorar, e a liquidez das companhias pode se enfraquecer rapidamente em face do atual cenário. A maioria das empresas já sinalizou a redução dos investimentos e a contenção de despesas para evitar maior queima de caixa durante este período, mas estas medidas serão insuficientes caso o atual cenário se mantenha por um prazo mais longo", diz a agência.