Fusão pode criar a terceira maior montadora do mundo
Fusão pode criar a terceira maior montadora do mundo | Foto: Marco Bertorello e Loic Venance /AFP

SÃO PAULO - A montadora ítalo-americana Fiat Chrysler (FCA) apresentou nesta segunda-feira (27) uma proposta de fusão com a francesa Renault, que pode criar a terceira maior montadora do mundo, atrás de Volkswagen e Toyota.

Segundo a proposta da Fiat para a Renault, o novo grupo seria detido por 50% dos acionistas de cada uma das empresas. As ações seriam cotadas em Nova York, nos EUA, e em Milão, na Itália, disse a Fiat Chrysler em comunicado.

O conselho de administração da Renault se reunirá para estudar a proposta de fusão, anunciou a fabricante francesa em comunicado divulgado logo após o anúncio da proposta.

De acordo com a Fiat Chrysler, a fusão resultaria em vendas anuais de 8,7 milhões de veículos e "uma forte presença em regiões e segmentos importantes", gerando 5 bilhões de euros (aproximadamente R$ 22 bilhões) em economia anual.

O "amplo e complementar portfólio das duas marcas forneceria uma cobertura completa do mercado, do luxo ao 'mainstream'", afirmou a Fiat Chrysler.

O acordo proposto fundiria as duas montadoras sob uma holding holandesa listada.

Após o pagamento de um dividendo especial de 2,5 bilhões de euros (aproximadamente R$ 11 bilhões) aos acionistas da Fiat Chrysler, cada grupo receberia 50% da entidade combinada em novas ações. A fusão não levará ao fechamento de fábricas, assegurou a Fiat Chrysler.

INTERESSE

A montadora japonesa Nissan, que tem uma aliança com a Renault, se disse nesta segunda (27) "aberta a qualquer discussão que fortaleça" a parceria. Foi uma reação polida, mas lacônica ao anúncio do começo das conversas entre a francesa e a ítalo-americana Fiat-Chrysler (FCA) com vistas a uma fusão.

A firma asiática é controlada pela Renault (que detém 43% das ações daquela). No sentido inverso, possui 15% do capital da empresa europeia, mas sem direito a voto na assembleia-geral desta, o que sempre crispou a relação entre Paris e Yokohama.

A operação desenhada pela FCA dá voz à Nissan no conselho de administração da hipotética übermontadora.

Se as duas japonesas se somassem à empreitada, a capacidade de entrega chegaria a 15 milhões de unidades, sem paralelo no mundo.

Além do direito a voto, que a Nissan espera desde 2002, a possível sociedade Renault-FCA tem outro atrativo para Yokohama, como destaca o jornal econômico Les Échos: enfraquece a influência, na companhia, do Estado francês, a quem os japoneses atribuem uma operação de bastidor para tentar controlá-los.