Fatores externos continuam afetando o mercado financeiro
PUBLICAÇÃO
domingo, 02 de abril de 2000
Agência Estado
De São Paulo
O mercado financeiro deve continuar tomando decisões olhando o desenrolar dos acotecimento no cenário externo, como já vem acontecendo há algumas semanas. Um dos fatores que mantém as incertezas externas, o comportamento da Bolsa de Valores de Nova York, foi agravado pela forte instabilidade do índice Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia e Internet.
O índice Nasdaq tomou o lugar do Dow Jones, anteriormente o principal índice da Bolsa nova-iorquina, como referência do mercado doméstico norte-amerciano, principalmente o de ações.
Preocupado com as bruscas quedas do Nasdaq, a Bolsa de Valorres de São Paulo não reagiu ao corte antecipado de meio ponto porcentual na taxa básica de juros brasileira, que recuou de 19% ao ano para 18,50% depois de surpreendente decisão do Banco Central, e tampouco à decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de ampliar a produção internacional de petróleo, o que deve provocar acomodamento do preço do barril no mercado internacional a níveis bem mais baixos que os atuais.
A suspeita é que o tombo do Nasdaq esteja indicando uma correção mais acentuada da Bolsa de Nova York. O diretor do Private Bank do Banco Fleming Graphus, Carlos Eduardo Castiglione, considera a queda natural, próprio de um índice que carrega vistosas altas.
Castiglione comenta que algumas peculiaridades do Nasdaq estão fortalecendo a o sentimento de incerteza. Ele afirma que, nele, o aplicador investe apostando na perspectiva, no potencial de lucro das empresas que podem não se materializar.
Outra questão é que, embora a tendência seja de crescimento das empresas que de alguma forma se beneficiam da Internet, a dificuldade de análise delas, a maioria recentes, cria insegurança no investidor. Daí surgiria o que se chama de movimento irracional de alta e o temor de que ela não tenha sustentação provoca forte movimento de realização de lucros, como o que ocorreu ao longo da semana passada.
O diretor do Fleming Graphus não aposta em um mergulho do Nasdaq porque o apelo de suas ações, após determinada desvalorização, tem atraído novamente compra de investidores que não querem perder a onda de valorização com que acenam os papéis de tecnologia e Internet. Ainda assim, ele considera a relativa estabilização da Bolsa de Nova York condição necessária para que a Bolsa de São Paulo defina uma tendência mais clara no curto prazo.
Onde aplicar Ainda assim, Carlos Eduardo Castiglione sugere que se mantenha até 15% do capital investido em um fundo de ações; 35% em um fundo que proporciona rendimento ligeiramente acima da variação do CDI , com pouca e limitada exposição ao risco; e metade em um fundo de renda fixa mais conservador, atrelado ao CDI.