A Souza Cruz apresentou quarta-feira, durante entrevista coletiva na unidade de processamento de fumo de Santa Cruz do Sul (RS), argumentos para se defender das acusações de que a empresa estaria utilizando e comercializando o fumo supernicotinado Y-1. Segundo o diretor da empresa, Gerson Cardoso, responsável pela área de fumo, a empresa produziu e processou o fumo da variedade Y-1 em escala comercial entre 1990 e 1994. Mas, afirma ele, a produção foi feita sob encomenda pela empresa norte-americana Brow and Willians e o produto foi exportado para os Estados Unidos. ‘‘O fumo Y-1 nunca foi consumido internamente, garantiu Cardoso.


A polêmica em torno do ‘‘superfumo’’ começou em dezembro depois de uma reportagem feita pela Associated press que denunciava que os produtores de fumo vinculados à Souza Cruz estariam tendo problemas de saúde ao manipular uma determinada variedade de fumo, que ficou conhecida como ‘‘fumo louco’’.


Cardoso explicou que o fumo em questão não é da variedade Y-1, que apresenta alto teor de nicotina, mas sim das variedades K326 NF/LF. ‘‘Estas variedades nada têm a ver com o Y-1, a confusão aconteceu porque os produtores que fizeram a denúncia se basearam meramente em aspectos visuais’’, afirmou. Segundo Cardoso, as plantas apresentam características muito semelhantes, como porte e número de folhas, mas não têm o mesmo teor de nicotina. Enquanto o Y-1 apresenta um teor médio de nicotina de 6,20%, as variedades K-326 NF e K-326 LF apresentam um teor médio de 3,42% e 320% respectivamente’’, disse.


O diretor da multinacional disse que as sementes da variedade Y-1 chegaram no Brasil em 1983. A produção comercial só começou em 1990 e foi até 1994. Neste período, segundo Cardoso, a Souza Cruz processou e exportou para os EUA 3.570 toneladas. O volum representou apenas 0,38% da produção total da Souza Cruz no período.


Depois deste período, garantiu Cardoso, a empresa norte-americana suspendeu as importações e a Souza Cruz deixou de produzir o Y-1. ‘‘As sementes que sobraram foram destruídas’’, garantiu. Ele explicou ainda que é macho estéril, precisando de pólen importado para ser fecundado.


Cardoso afirmou que a empresa nunca utilizou plantas de fumo transgênico ou de plantas com DNA recombinante. ‘‘Utilizamos apenas métodos de seleção natural‘‘, afirmou. O diretor da Souza Cruz afirmou ainda que a empresa estaria ‘‘remando contra a maré’’ se estivesse colocando no mercado cigarros com fumo supernicotinado. ‘‘As pesquisas de mercado indicam que os consumidores cada vez mais exigem cigarros com baixos teores de nicotina’’, comentou. ‘‘Estamos abertos a qualquer órgão de pesquisa científica que queiram realizar exames de mensuração do teor de nicotina dos fumos produzidos por nossos produtores’’, disse.