Embora as exportações do Paraná tenham crescido 14% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado, a balança comercial do Paraná fechou o primeiro semestre com saldo positivo de US$ 1,206 bilhão, 47% menor que no primeiro semestre de 2020, de R$ 2,282 bilhões. O motivo é o forte avanço das importações, que saltaram de US$ 5,7 bilhões para US$ 7,9 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, um aumento de 38%. Os números foram divulgados esta semana pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.

Imagem ilustrativa da imagem Exportações no Paraná crescem 14% no primeiro semestre
| Foto: Claudio Neves/AEN

As exportações somaram US$ 9 bilhões no primeiro semestre, contra US$ 8 bilhões no mesmo intervalo do ano anterior. A indústria de transformação aumentou a participação na pauta de exportações do Paraná. O setor representava 65% do total de mercadorias comercializadas pelo estado para o exterior nos primeiros seis meses de 2020. Agora já ultrapassou os 70%. Em números, foram U$ 6,4 bilhões vendidos no mercado internacional, de janeiro a junho de 2021, contra US$ 5,2 bilhões no mesmo período do ano passado - alta de 23%.

O produto que mais se destaca neste primeiro semestre é soja (US$ 3,3 bilhões), que representa 36% da pauta de exportações do Paraná. Em seguida vem carnes – bovina, aves e suínos (US$ 1,4 bilhão), que responde por 15% do total, madeira (US$ 842 milhões e 9%) e material de transporte (US$ 738 milhões e 8%). “Esses quatro grupos de produtos respondem juntos por 69% de tudo que é vendido pelo Paraná no mercado externo. No ano passado, os mesmos itens somavam 66% do total, ou seja, houve um crescimento este ano”, explica o economista da Fiep.

Entre os destaques em valores exportados no comparativo deste primeiro semestre com o mesmo período de 2020, chama a atenção o crescimento de 105% do setor moveleiro, da madeira (73%), de carnes (56%), e material de transporte (52%).

Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, a oscilação na taxa média de câmbio neste primeiro semestre ano, que ficou em R$ 5,385 para cada dólar pode explicar a alta das exportações. O real teve depreciação de 9,4% em relação ao valor aferido no primeiro semestre do ano passado, que foi R$ 4,923. “A taxa de câmbio mais alta estimula a venda de produtos no mercado externo e torna o produto brasileiro mais competitivo”, avalia.

IMPORTAÇÕES

Por outro lado, a recuperação do mercado interno pode ser a causa do aumento das importações, afirma Thiago Quadros, também economista da Fiep. “Mesmo com a oscilação cambial, a produção industrial vem registrando crescimento desde o segundo semestre do ano passado. Dessa forma, a compra de insumos importados utilizados na produção também tende a subir para atender à demanda de consumo. E isso pode explicar o aumento significativo nas importações paranaenses, mesmo com a oscilação do câmbio.”

No setor automotivo, por exemplo, 60% das peças utilizadas pelas montadoras são importadas. Material de transporte, que é o segundo item mais importado pelo Paraná, registrou alta de 42% (US$ 1,1 bilhão) este ano na comparação com o realizado de janeiro a junho do ano anterior. O valor representa 14% da pauta de importações do estado. Só perde para produtos químicos (US$ 2,3 bilhões ou 29% da pauta), que no mesmo período teve alta de 34%. O terceiro item mais adquirido fora foi petróleo (US$ 895 milhões e 11% das compras externas). Cresceu 30% em relação ao registrado no primeiro semestre de 2020. Vale registrar ainda a alta de 38% na compra de produtos mecânicos (US$ 809 milhões) e de 43% em materiais elétricos e eletrônicos (US$ 769 milhões). Ambos representam em torno de 10% cada um do total importado pelo estado.

Quadros avalia que há um descompasso entre o crescimento mais acelerado das importações (38%) frente as exportações (14%) impactando no saldo da balança comercial, que ficou 47% menor do que o registrado no primeiro semestre do ano passado. “Naquela época as importações foram reduzidas por conta da pandemia. Com o tempo esta diferença tende a se ajustar, equilibrando o saldo final da balança, que ainda é bem positivo aqui no estado”, conclui.

A justificativa é compartilhada por lideranças de setores industriais da região. Com a retomada da atividade econômica e o aumento das exportações, as indústrias têm a necessidade de importar insumos para produzir mais.

"Para o que você está vendendo tanto no mercado interno quanto externo, precisa de mais insumos, precisa comprar mais", diz Allan Gomes Guimarães, presidente executivo do Sinquifar-NP (Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Norte do Paraná). "E passamos por uma grande ascensão industrial. Fazia muito anos, 12, 15 anos, que a gente não tinha uma ascensão tão grande." Segundo ele, a região Norte do Paraná conta com cerca de 180 empresas químicas e farmacêuticas e a tendência é o número aumentar.

Marcus Vinícius Gimenes, presidente do Sindimetal Norte do Paraná (Sindicato das Indústrias, Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Norte do Paraná), diz que as atividades das indústrias crescem mês a mês, bem como as importações, que ficaram prejudicadas devido aos problemas logísticos ocasionados pela pandemia. "A maioria dos setores já retomaram o nível pré-pandemia, com algumas dificuldades devido ao custo do dólar. Difícil uma cadeia produtiva que não tenha nenhum vínculo com produtos importados. Chegamos a ter desabastecimento por conta de problemas logísticos, e isso aos poucos está sendo regularizado."(com informações da Agência Fiep)