Na avaliação do Ipardes, as exportações paranaenses sentiram os efeitos do embargo chinês à carne de frango e da crise argentina
Na avaliação do Ipardes, as exportações paranaenses sentiram os efeitos do embargo chinês à carne de frango e da crise argentina | Foto: Sergio Ranalli/01-08-2017


A balança comercial brasileira fechou o primeiro semestre de 2018 com saldo positivo de U$S 29,9 bilhões, valor 17% menor do que o registrado no primeiro semestre do ano passado. Ainda assim, o saldo foi o segundo maior da história para o período, atrás apenas do primeiro semestre de 2017 - US$ 36,2 bilhões. As exportações apresentaram acréscimo de 5,6%, ante o mesmo período do ano passado, e as importações registraram aumento de 17,2%.

A paralisação dos caminhoneiros no fim de maio ainda afetou as exportações nas duas primeiras semanas de junho. Enquanto a média das vendas ao exterior vinha acima de US$ 1 bilhão por semana, nas duas primeiras semanas do mês passado o valor médio foi de US$ 775 milhões. Nas duas últimas semanas de maio, a média foi menor, de US$ 670 milhões. "Já tivemos retomada nas exportações no fim de junho", afirmou o ministro Marcos Jorge, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

A balança comercial do Estado e de Londrina seguiram o desempenho positivo nas importações. No entanto, as exportações paranaenses sentiram os efeitos do embargo chinês à carne de frango e da crise argentina e tiveram resultados semelhantes ao ano passado (-1,3%).

"Temos no Paraná uma conjuntura de pequeno decréscimo na produção de grãos, apesar da elevação do preço no mercado externo. E essa produção menor, associada a questão da carne de frango e a crise no mercado argentino, influenciou o resultado das exportações. Podemos dizer que as exportações apresentam estabilidade", afirmou Júlio Suzuki, diretor-presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social".

O resultado confirma a projeção do início do ano, em que previa que a queda da produção agrícola seria compensada pelo preço internacional. "Apostávamos nesta estabilidade. A carne de frango que foi uma surpresa e ainda não se sabe os desdobramentos disso", comentou Suzuki.

A carne de frango in natura teve redução de 12,2% em comparação com o primeiro semestre de 2017. Na quarta-feira (11), o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) confirmou a aprovação pela Camex (Câmara de Comércio Exterior) da elaboração de estudos para possível abertura de contencioso na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra a decisão da China de impor barreiras à importação de frango brasileiro.

Em nota, o MDIC informou que a Camex aprovou também a realização de estudos em relação à salvaguarda chinesa que atingiu a importação de açúcar brasileiro. Após os estudos, o governo brasileiro poderá abrir uma consulta ou um painel junto à OMC. As exportações de açúcar do Paraná caíram 30% no semestre.

A venda de veículos também apresentou redução em 2018 (-32,8%) devido, principalmente pela crise econômica argentina. Os vizinhos são grande consumidores de bens manufaturados do Brasil e do Paraná.

Para a professora de finanças, do curso de administração da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Ana Paulo Cherubim, o resultado da balança do Estado também pode refletir o impacto da greve dos caminhoneiros.

"Se olhar para os números com cuidado é mais evidente a queda das exportações em maio, pois o produto interno ficou no caminho da infraestrutura do transporte do País", comentou. Em maio a queda foi de 8,2% comparado, com o mês anterior.
Segundo Cherubim, outro fator que explica a estagnação da balança comercial é o compasso de espera do mercado em relação ao cenário político.

Imagem ilustrativa da imagem Exportações apresentam estabilidade no primeiro semestre



LONDRINA
Houve queda de 44,49% nas exportações de Londrina entre janeiro e junho, em relação a 2017. Redução de U$S 210,3 milhões. As maiores quedas foram nos produtos básicos (-63,54%), seguidos de semimanufaturados (-50,09%). Os produtos manufaturados cresceram em 4,85%.

Entre os principais compradores de produtos de Londrina, a China registrou a maior queda, reduzindo em 77,65% a importação, representando 79,13% de toda a redução das exportações londrinenses. Ainda entre os cinco maiores importadores, os Estados Unidos aumentaram suas compras em 37,74%, a Itália aumentou em 11,91%, a Polônia em 212,62%.

De acordo com o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia), economista Marcos Rogério Gabriel, "através da análise das contas nacionais se verifica que houve uma redução de 57,71% nas exportações de produtos intermediários, aumento de 87% das exportações de bens de capital e aumento de 2,47% no valor das exportações de bens de consumo".

A importação andou na direção oposta, registrando acréscimo de 75,84% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Os maiores aumentos foram em manufaturados (79,46%), seguido de semimanufaturados (50,47%) e produtos básicos (13,43%). Israel continua o principal fornecedor dos londrinenses e teve 196,07% nas importações, China (55,15%), Argentina (57,95%) e Alemanha (0,06%) também apresentaram bom desempenho. No entanto, as compras dos Estados Unidos caíram 2,18%.

"A queda nas exportações está diretamente ligada a queda na exportação da soja e, principalmente, a redução da exportação para a China. E quanto as importações, o aumento está ligado ao aumento da importação de insecticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, inibidores de germinação e reguladores de crescimento para plantas", afirmou o economista, ressaltando que a balança comercial de Londrina continua girando em torno do agronegócio.
(Com Agência Estado)