Exportação de milho pode desabastecer o mercado
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sexta-feira, 19 de julho de 2002
Vânia Casado<BR>Equipe da Folha
Curitiba - O retorno das exportações de milho é preocupante e pode provocar a falta do produto no mercado interno até o final do ano, porque a oferta está bastante ajustada ao consumo. O alerta é do assessor econômico da Organização dasCooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.
O Porto de Paranaguá já começou a registrar exportações de milho neste mês. De acordo o gerente do terminal Companhia Brasileira de Logística (CBL), Washington Viana, a previsão é que no segundo semestre sejam exportadas mais 500 mil toneladas de milho, sendo que 80% desse volume deverão ser escoados por Paranaguá e o restante pelo Porto de Santos, em São Paulo, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Viana informou que nas próximas semanas a CBL deverá estar recebendo milho das regiões de Maringá, Apucarana e Arapongas, para atender as demandas da Europa e Ásia. ''A gente imaginava que as exportações de milho não voltariam a acontecer no segundo semestre'', disse Flávio Turra. Segundo ele, já foram exportadas cerca de 1,5 milhão de toneladas no primeiro semestre, e agora a oferta está muito ajustada. ''A expectativa era que o País fosse importar e não exportar'', insistiu.
Segundo Turra, a iniciativa de exportar voltou porque o mercado interno não está valorizando muito a compra do milho. Ele alertou que os preços praticados no mercado interno estão na paridade com as cotações do mercado externo, ''o que é muito perigoso porque favorece as exportações''. No Paraná, o milho está sendo vendido entre R$ 14,50 e R$ 15,20 a saca, dependendo da localidade de produção, e a R$ 16,00 em Paranaguá. ''São preços que começam a viabilizar as exportações'', disse.
Turra ressaltou ainda que se as agroindústrias tiverem que importar o milho vão pagar R$ 22,00 a saca, que é o preço do produto importado colocado no País. ''O mercado está totalmente aberto, quem paga mais leva'', afirmou. De acordo com o quadro de oferta e consumo de milho para este ano, o País está produzindo um volume de 36 milhões de toneladas e o consumo deve variar entre 36,5 milhões e 37 milhões de toneladas.
O primeiro leilão do contrato de opção, realizado ontem, refletiu a insatisfação do produtor com o mercado. De acordo com o resultado do pregão, o produtor recusou a oferta de R$ 15,00 a saca para vender o milho ao governo em maio de 2003. No Paraná, apenas 8% dos contratos ofertados foram vendidos. No País, os negócios atingiram 41,66% dos contratos.