São Paulo - As exportações do agronegócio brasileiro vão crescer menos nos próximos 20 anos, embora em ritmo ainda superior ao da demanda mundial. A perspectiva consta do estudo ''Brasil Sustentável - Perspectivas do Brasil na Agroindústria'', elaborado em conjunto pela Ernst & Young Brasil e a FGV Projetos.
De acordo com a pesquisa, as exportações da agroindústria vão crescer, em média, 1,3% ao ano até 2030. Os embarques de matérias-primas devem aumentar 2% ao ano, enquanto os de alimentos beneficiados, apenas 1%. Entre 1995 e 2005, as exportações do setor registraram crescimento anual de 10,2%, levando o País do 9º para o 4º lugar no ranking dos maiores exportadores agrícolas.
Para o coordenador técnico do estudo e responsável pelo desenvolvimento de conteúdo da FGV Projetos, Fernando Garcia, a projeção leva em conta um cenário de menor crescimento econômico mundial e estabilização da demanda por alimentos e matérias-primas nos países ricos. ''O crescimento do consumo vai ser puxado pelos países em desenvolvimento, embora os países ricos continuem representativos.''
Os países da Ásia e da Oceania são o mercado com maior potencial de crescimento. De acordo com o estudo, as exportações da agroindústria para a região devem crescer a uma taxa anual de 2,2% até 2020, sendo que os embarques de matérias-primas, como os grãos, devem crescer 3,8% ao ano.
Em segundo lugar, está o bloco formado por América Central e Caribe, com projeção de crescimento anual de 2%, puxado basicamente pelos embarques de alimentos beneficiados (2,1%). O terceiro mercado com maior potencial de crescimento é a América do Norte (Nafta), para onde as exportações do agronegócio devem crescer 1,5%. América do Sul (1,2%), Europa (1%), África Subsaariana (1%) e Oriente Médio e norte da África (0,8%) completam a lista.
China
O estudo aponta, ainda, que as exportações da agroindústria brasileira para a China devem crescer, em média, 3,8% ao ano, sendo que os embarques de matérias-primas devem evoluir a uma taxa anual de 5,1%. O valor das exportações para o país asiático deve saltar dos US$ 900,6 milhões, registrados em 2007, para US$ 2,14 bilhões em 2030 (a preços de 2007). Com isso, a China, que hoje ocupa o sétimo lugar no ranking dos importadores da agroindústria brasileira, deve saltar para a segunda posição, superando a Bélgica.
Mesmo crescendo menos, os Estados Unidos devem se manter no topo da lista. A expectativa é de que as exportações brasileiras para o país subam de US$ 3,81 bilhões, em 2007, para US$ 5,37 bilhões em 2030 - um crescimento médio anual de 1,5% ao ano. Apesar da mudança de posição da China, o ranking dos importadores do agronegócio brasileiro deve sofrer poucas alterações. O estudo realizado pela Ernst & Young Brasil e a FGV Projetos levou em consideração dados econômicos de 100 países, responsáveis por 97% do PIB e 98% da população mundial.