Em 20 anos de atividades, a Fomento Paraná registrou recorde de solicitações de crédito emergencial, com mais de 24 mil pedidos recebidos em pouco mais de um mês. A alta repentina da demanda obrigou a instituição a realocar funcionários para atuar no cadastramento e na análise da documentação. Dez por cento tiveram os requerimentos aprovados até agora. Como comparação, em 2019 a média mensal de solicitações era de 450.

Imagem ilustrativa da imagem Explode demanda por crédito na Fomento Paraná

Até a última quinta-feira (7), a Fomento Paraná contabilizava 24.515 pedidos de crédito desde o início de abril. As linhas de crédito emergencial oferecidas pela instituição vão de R$ 1,5 mil a R$ 200 mil dentro do programa Paraná Recupera, destinadas à manutenção de salários e empregos em empreendimentos informais, MEI (Microempreendedor Individual), micro e pequenas empresas afetadas pela crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.

O maior volume é para a faixa de R$ 1,5 mil a R$ 6 mil, com cerca de 14 mil pedidos de crédito. “Não criamos nenhum fundo para esse fim. Utilizamos a liquidez do FDE (Fundo de Desenvolvimento Econômico) e criamos essa linha e uma parte foi para a readequação das linhas já existentes”, explicou o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Neves.

Para a faixa de valor mais requisitada, foram disponibilizados R$ 120 milhões e outros R$ 30 milhões foram destinados à redução de cinco pontos percentuais nas linhas entre R$ 6 mil e R$ 200 mil. Além desses R$ 150 milhões, foi colocado um limite de captação de recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de mais R$ 150 milhões, somando R$ 300 milhões para as operações de crédito. As taxas de juros vão de 0,41% a 0,91% ao mês, com carência de 12 meses e prazo de pagamento de 36 a 60 meses.

A instituição funciona por meio de parcerias nas prefeituras, salas do empreendedor, secretarias municipais do trabalho, federações, sindicatos e outras entidades. Quando o governo estadual anunciou a liberação do crédito emergencial, “houve uma explosão de demanda”, segundo Neves, e em função das regras de isolamento adotadas pelos municípios, muitos parceiros não estavam funcionando. “Virou um gargalo. No início de abril, de quase 300 parceiros, não tinha 20% em operação. Fizemos campanhas sensibilizando as entidades parceiras a voltarem às atividades, mesmo que no modo remoto, para ajudar a cadastrar e filtrar as mais de 20 mil propostas que recebemos”, disse o diretor-presidente.

Mesmo com o apelo e mobilização para dar maior agilidade na liberação dos pedidos, a estrutura ainda não é suficiente para atender a demanda. Dos 399 municípios do Estado, 220 têm parceiros da Fomento Paraná, mas metade dessas propostas foi encaminhada à Curitiba. As solicitações feitas por trabalhadores informais e empresários de municípios onde não há essa parceria também estão concentradas na capital. “Hoje (quinta-feira), nós estamos chegando a três mil liberações e a expectativa é chegar a 3,5 mil até sábado (9)”, ressaltou Neves, adiantando que grande parte dos pedidos não será atendida. “Nossa taxa de conversão histórica é de menos de 20%. Nesse universo de quase 25 mil solicitações, hoje teríamos a chance de processar umas cinco mil propostas.”

A Fomento Paraná também registrou 2.182 pedidos de renegociação de dívidas, sendo 1.576 do setor privado e 606 do setor público. “São R$ 226 milhões em dinheiro que não está vindo para a Fomento porque renegociamos uma boa parte dos contratos vigentes”, disse Neves.

Pedidos na Acil crescem cinco vezes

A Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) é uma das correspondentes oficiais da Fomento Paraná no município e também observou uma rápida elevação nos pedidos de crédito. Antes da pandemia, a média era de 30 solicitações mensais. No mês passado, foram 180 e em maio, a procura continua grande.

A entidade trabalha com linhas de crédito a partir de R$ 20 mil. Após triagem, 70 empresários cumpriram todos os pré-requisitos e foram cadastrados e agora estão na fila de avaliação. “Alguns deles já receberam os recursos, mas tem um funil muito grande. Ainda assim, o tempo médio de retorno já melhorou. A média era de 45 dias, agora a confirmação acontece em 30 dias”, disse o superintendente da Acil, Rodrigo Geara.

Segundo Geara, antes da crise do coronavírus, a associação fazia um trabalho de prospecção para informar o empresário sobre os benefícios da Fomento Paraná. Agora, são os empresários que procuram a instituição, “com bastante urgência”. “Colocamos toda a nossa equipe comercial para trabalhar nessa operação junto com a Fomento Paraná. Antes, era um correspondente. Hoje, são mais oito pessoas trabalhando em ritmo intenso.”

O superintendente destaca que as 110 empresas que não foram cadastradas por não se enquadrarem nas exigências, foram encaminhadas para outras instituições, como as cooperativas de crédito.