Com a reabertura dos cemitérios, as vendas das floriculturas no Dia de Finados devem superar o resultado da data no ano passado, mas enfrentam obstáculos como inflação e pandemia.

Imagem ilustrativa da imagem Expectativa de venda de flores no Finados é positiva, mas preço preocupa
| Foto: Gustavo Carneiro

A cooperativa Veiling Holambra, que reúne mais de 400 produtores, diz que é possível até alcançar o patamar anterior à pandemia. A expectativa é avançar 20% em relação à data de 2020.

Segundo a cooperativa, no feriado de 2019 foram comercializadas cerca de 15 milhões de unidades. No ano passado, com as restrições da Covid, as vendas caíram 15%.

O mercado de flores Ceaflor, que reúne 350 empresas em um complexo comercial em Holambra (SP), diz que a oferta de produtos subiu 60% em relação a 2020, mas o volume atual não chega à metade do que foi vendido no Dia de Finados de 2019.

E a inflação deve corroer parte dos ganhos.

Segundo o Ceaflor, as flores mais procuradas nesta época, como crisântemos e kalanchoes, estão em média 20% mais caras com a inflação de energia, embalagens, combustível e defensivos.

Produtor de flores de Apucarana, Carlos Metta e seus irmãos, juntos, plantaram cerca de 300 mil vasos este ano, e todas já foram vendidas alguns dias atrás. Em 2020, o produtor plantou metade das mudas. Mas a procura deste ano surpreendeu. "Ano passado foi fraco, mas este ano as pessoas estão voltando para as ruas. Se tivéssemos plantado mais, teríamos vendido mais." Metta espera vendas 15% a 20% maiores este ano.

O volume conservador foi uma forma de se resguardar de possíveis prejuízos, já que no ano passado as vendas não foram boas. Além disso, houve alta nos insumos. "O preço da embalagem, vaso, papelão, teve aumento de mais de 100% em relação ao ano passado. O problema é que a gente não consegue repassar todo o aumento que teve."

Os vasos de kalanchoê e crisântemos começaram a ser vendidas em uma rede de supermercados da cidade nesta quinta-feira (28). Os produtos são adquiridos de produtores da região. Edney Fernandes, gerente comercial do Viscardi, afirma que o investimento da rede nos vasos foi 5% maior que em 2020. "A expectativa de vendas é de 15% comparado ao ano anterior", diz Fernandes.

Para este Finados, as flores ficaram cerca de 14% mais caro que na última compra, em ocasião do Dia das Mães, afirma o gerente.

Dona de uma floricultura em frente ao Cemitério Jardim das Saudades, Helena Mendes diz que o preço do vaso aumentou cerca de 20%. "A gente repassa um pouco, mas não dá para repassar tudo."

Mesmo assim, ela diz achar que as vendas no Dia de Finados, este ano, serão boas. "Se a chuva não atrapalhar, vende bastante." A competição com os supermercados tem diminuído aos poucos as vendas das floriculturas. "Eles compram em quantidades maiores e pagam mais barato. Como é que vai competir? Nós cuidamos mais, trabalhamos com produtos selecionados, de primeira", comenta Mendes.

O Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) afirma que ainda há insegurança sobre o resultado do feriado de 2021 para o setor, porque os idosos, que costumam visitar cemitérios, ainda não estão saindo de casa como antes.

Para reverter o cenário, a entidade diz que, desde o ano passado, tem tentado estimular outros hábitos de consumo, com campanhas de incentivo à compra de flores para homenagear os parentes em casa.(com Folhapress)