EUA surpreendem e crescem 7,3% ao ano
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quinta-feira, 30 de março de 2000
Gwen Robinson
Do Financial Times
O crescimento econômico dos Estados Unidos continuou a superar todas as previsões no último trimestre do ano passado, disparando para um ritmo anualizado de 7,3%, o que torna o quarto trimestre de 1999 o melhor em 16 anos, de acordo com o Departamento do Comércio.
O crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) a produção nacional total de bens e serviços sofreu uma revisão e ficou ainda acima das estimativas oficiais de 6,9% que haviam sido divulgadas um mês atrás.
O PIB excedeu as previsões dos economistas privados, que falavam em 7% para o trimestre. Para 1999 como um todo, a economia norte-americana se expandiu em 4,2% o terceiro ano consecutivo de crescimento acima de 4%.
O número demonstra igualmente que os Estados Unidos continuam a combinar um crescimento recorde e uma inflação sob controle. Isso fez com que alguns economistas elevassem suas previsões de crescimento para o primeiro trimestre deste ano para perto de 6%, contra 5% anteriormente.
As pessoas estão gastando porque estão todas empregadas. Trata-se de euforia econômica, os preços para tudo são baixos e todo mundo está ganhando dinheiro a inflação, na prática, não existe. Não esperem que nada mude a curto prazo, disse Robert Yamarone, da Argus Research Corp., um grupo independente de pesquisa sobre o mercado de ações, em Nova York.
Juros A estimativa final mais elevada sobre o PIB do último trimestre de 1999 se baseia em novos dados que demonstram que as exportações e o investimento nos negócios norte-americanos cresceram mais rápido do que o esperado.
O índice de inflação ligado aos números do PIB demonstra que os preços continuavam contidos no quarto trimestre, aumentando em apenas 2%, pouco acima do 1,7% verificado no terceiro trimestre.
Os números recorde sobre o crescimento quase certamente darão munição à linha dura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) quanto às taxas de juros. Membros do comitê do Fed que decide sobre a política monetária vêm pressionando mais agressivamente por uma alta dos juros que ajude a evitar a inflação e o potencial superaquecimento da economia.
Com todos os indicadores apontando crescimento anualizado de pelo menos 5% no PIB do primeiro trimestre deste ano, o ritmo estaria bem acima do desejado pelo Fed, cuja meta de crescimento fica entre 3% e 3,5%, ressaltam os economistas.
No último dia 21, e pela quinta vez desde junho de 99, o Fed elevou os seus juros básicos em 0,25 ponto percentual, para 6% ao ano. Com isso, os juros dos EUA atingiram o patamar mais alto em quase cinco anos a última vez em que os juros estiveram em 6% ao ano foi em maio de 1995.
O BC norte-americano vem aumentando os juros nos últimos meses para reduzir o consumo no país e, com isso, manter a inflação sob controle. Juros maiores tornam o crédito mais caro para consumidores e empresas.