A hidroenergia nos Estados Unidos é considerada fundamental do ponto de vista estratégico. O país tem uma capacidade instalada total para produção de 850 mil megawatt/ano. Deste, 90% vêm de termelétricas, pertencentes à iniciativa privada. Mas os outros 90 mil megawatt/ano são produzidos por usinas hidrelétricas estatais.
Apesar de representar uma parcela pequena da energia dos Estados Unidos, a produção de hidroenergia norte-americana é maior que a brasileira. Atualmente, a capacidade instalada no Brasil é de 60 mil megawatt/ano. Desse total, mais de 90% são gerados em hidrelétricas.
‘‘O governo americano considera as bacias hidrográficas uma questão de segurança nacional e não aceita repassar as hidrelétricas para a iniciativa privada’’, lembra Joaquim Carvalho, do grupo Ilumina, uma organização que reúne profissionais da área energética.
‘‘A população brasileira não conhece esses detalhes, por isso aceita tão facilmente o discurso de desestatização defendido pelo governo’’, diz. Esse assunto é tão importante para o governo norte-americano que 20% das hidrelétricas do país pertencem ao exército. ‘‘A venda das hidrelétricas brasileiras é imposta pelo Banco Mundial ao Brasil, mas os próprios norte-americanos não aceitam isso’’, diz. Para Carvalho, a única justificativa ao programa de privatização da energia elétrica é o interesse de especuladores nos altos lucros da usinas.
Protesto ruralUma pesquisa feita pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep) mostrou que 82% dos produtores rurais paranaenses estão contrários à privatização da Copel. A consulta foi feita junto aos 186 sindicatos rurais entre os dias 21 de fevereiro e 7 de março. Os agricultores receberam um questionário e um documento feito pelo governo do Estado intitulado ‘‘Saiba por que a Copel será privatizada’’.
Essa cartilha traz informações sobre o setor elétrico e a desregulamentação. O material tem sido distribuído pelo Palácio Iguaçu na tentativa de convencer entidades e a população de que a desestatização trará benefícios. ‘‘A decisão do governo em privatizar a Copel é polêmica, porque a Copel é rentável e estratégica para o desenvolvimento do Estado’’, afirmou o presidente da Faep, Ágide Meneguette. (E.C.)