A cidade que Londrina se tornou é o resultado de ações empreendedoras desenvolvidas na década de 1930, quando a Companhia de Terras Norte do Paraná elaborou um plano inovador de ocupação territorial, diferente do que se fazia no Brasil ao longo de décadas. O êxito do projeto de fundação de um novo município só foi possível em razão do esforço de múltiplos talentos nas mais diversas áreas de atuação.

Imagem ilustrativa da imagem Estudo propõe ações para aumentar criação e retenção de talentos em Londrina
| Foto: Roberto Custódio/26-1-2020

No decorrer de sua história, Londrina fortaleceu-se como um polo educacional e pelas instituições de ensino superior aqui instaladas passaram profissionais que deram importante contribuição para o desenvolvimento da cidade. Da integração de lideranças empresariais e acadêmicas, constituíram-se entidades como a Adetec (Associação de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região), que teve papel relevante na construção do Capital Social local.

Aos 86 anos, o município tem agora como desafio a formação e o investimento em profissionais qualificados que contribuam para o desenvolvimento local. Como entidade que tem como missão estimular a participação da comunidade na discussão de soluções a problemas por meio de parceria, visando a evolução sustentável do município, o Fórum Desenvolve Londrina apresentou, nesta quinta-feira (18), o caderno de estudos 2020, o 14º da história da entidade, que nesta edição teve como tema a geração de emprego e renda com ênfase na retenção de talentos.

O estudo foi elaborado a partir de indicadores levantados durante pesquisa de percepção realizada com a comunidade. “Temos clareza que Londrina forma profissionais em diversas áreas, tem instituições de ensino forte, pessoas vêm do Brasil inteiro para se formar. Temos uma formação em diversas áreas, porém, de acordo com a pesquisa de percepção, poucos talentos de fora de Londrina se dispõem a vir para a cidade. Tivemos esse movimento forte, mas hoje vem se retraindo”, disse o membro do Fórum e futuro presidente, o professor Leandro Magalhães, que na entidade representa a Unifil.

Atenção

Um dos indicadores da pesquisa apontados como um fator de cuidado e atenção pelos integrantes do Fórum, é o aumento do número de pessoas que declarou a intenção de se mudar de Londrina nos próximos 12 meses, especialmente entre a população jovem. Magalhães, no entanto, enxerga a possibilidade de reversão desse quadro. “Vivemos um momento bom quando a gente vê empresas de tecnologia vindo para Londrina. Temos um ecossistema de inovação sendo formado”, ressaltou.

“O ano de 2034 será o nosso centenário. Queremos ter uma comunidade ativa e articulada, construindo uma cidade solidária, segura e saudável, tecnologicamente avançada, integrada com a Região Norte do Paraná e globalmente conectada, com uma economia diversificada e dinâmica, gerando riquezas e promovendo o equilíbrio social, cultural e ambiental”, destacou a presidente do Fórum, Cláudia Romariz.

Para a elaboração do estudo, o Fórum buscou inspirações em cidades inovadoras com perfil semelhante ao de Londrina e que conseguiram avançar na geração e retenção de talentos. São Carlos (SP), considerada a capital nacional da tecnologia, Santa Rita do Sapucaí (MG), centro do Vale da Eletrônica brasileiro, e Pato Branco (PR), município que se destaca no Paraná pelos avanços em tecnologia e inovação. “Fomos buscar inspiração nessas cidades para que Londrina se torne um celeiro de inovação e tecnologia”, afirmou o empresário, membro do Fórum e vice-presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Marcus Von Borstel.

Dificuldades

Entre os problemas identificados pelo Fórum, estão o descompasso entre a grade curricular das universidades e as competências e habilidades requeridas pelo mercado de trabalho, a falta de integração entre o meio acadêmico e o empresarial, a escassez de boas escolas e cursos técnicos, a carência de empresas com base tecnológica, o desequilíbrio entre a qualificação buscada pela empresa no mercado e o que ela oferece de remuneração e condições de trabalho.

Com base nas dificuldades, a entidade desenvolveu 26 propostas para Londrina formar e reter talentos. Entre elas, estão o ajuste da grade curricular às demandas do mercado de trabalho, ações para aprimorar a articulação política no sentido de promover a criação de dispositivos que tornem o município mais atraente para a instalação de empresas, estimular empresas a implantarem planos de incentivo e retenção de talentos, com política salarial mais sustentável que atenda empresas e colaboradores, realizar campanhas institucionais de divulgação da cidade, melhorar a infraestrutura e a logística e acelerar a implantação do MasterPlan, o plano estratégico que irá direcionar o desenvolvimento de Londrina até 2040.

“Todos os itens são intercalados e não devem ser implantados isoladamente, mas integrados, para tornar a cidade mais inovadora”, explicou Von Borstel. As propostas foram elaboradas a partir de sugestões de 37 pessoas e entidades representativas e mais de 50 especialistas de diferentes áreas, ouvidos em 24 encontros realizados no ano passado.

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