Um estudo detalhado do mercado de trabalho em Londrina aponta que no período de 2009 a 2019 a cidade perdeu empregos na indústria da transformação e viu o setor de serviços crescer. Respectivamente, foram de 19% para 13% e 43% para 49%. A medida chama atenção em especial porque os índices são muito abaixo dos medidos na Região Metropolitana, que envolve ainda outros 24 municípios. Na região, a indústria foi de 48% para 38%, passados dez anos, e os serviços cresceram de 18% para 21%. Os dados fazem o primeiro diagnóstico do Master Plan contratado pela Prefeitura. Realizado pela Macroplan Prospectiva, Estratégia & Gestão, o Plano Estratégico Londrina 2040 tem um prazo de 13 meses para ser elaborado e pretende traçar as linhas gerais do desenvolvimento da cidade para os próximos 20 anos.

Cidade Industrial, zona norte, é aposta do município para aumentar participação da indústria no PIB local
Cidade Industrial, zona norte, é aposta do município para aumentar participação da indústria no PIB local | Foto: Gustavo Carneiro

Os números apresentados anteriormente não causam preocupação para o presidente da ACIL (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Moraes. Na sua avaliação, os dados apontam uma mudança no perfil de quem empreende e não significa necessariamente um entrave para o crescimento da cidade. “Ocorre, porém, que muita gente que ficou desempregada se tornou MEI (Microempreendedor individual), um formato empresarial muito interessante porque leva o empreendedor à formalização do negócio. O MEI, embora seja importante, tem pouco potencial para gerar empregos”, analisou.

De forma geral, entre 2009 e 2019, Londrina teve um crescimento de 16% nos empregos formais, saltando de 144.229 para 167.502. Foi um aumento semelhante ao apresentado pelos municípios da Região Metropolitana (excluindo Londrina), que cresceu de 111.906 para 130.229 (16%). A cidade concentra 56,3% dos empregos formais da região e representa 5,3% dos empregos formais do Estado. O resultado poderia ser melhor, segundo Moraes. “Londrina é a segunda maior cidade do Paraná e precisa ter uma participação mais sólida na criação de empregos do estado. A maior parte da economia da cidade é constituída por pequenas empresas, o que mostra nossa vocação para o empreendedorismo. Mas a melhor forma de criar empregos é com a industrialização. Precisamos atrair indústrias limpas, de base tecnológica para fortalecer a economia da cidade”, lembrou.

COMPARAÇÃO

Tal medida pode se materializar caso os planos municipais se concretizem com a construção da Cidade Industrial, iniciada no fim de novembro. A área de 1,1 milhão de metros quadrados na região noroeste da cidade terá capacidade para abrigar 90 empresas. Os serviços de infraestrutura do complexo já estão sendo feitos e custarão R$ 23,9 milhões aos cofres municipais. Outras cidades utilizadas como padrão comparativo para o estudo também apresentaram queda na participação da indústria no emprego formal: Uberlândia caiu de 16% para 12%; Joinville de 40% para 35%; Ribeirão Preto de 12% para 9%, enquanto o Estado do Paraná também teve uma perda de 24% para 20%. “Londrina precisa desburocratizar a criação de empresas. O empreendedor precisa de agilidade. Também é preciso aprovar a Reforma Tributária. Não podemos pagar tantos impostos e o estado continuar gastando demais. É preciso um choque de eficiência na tributação e na estrutura pública do País”, questionou Moraes.

CRISE

O estudo também fez um retrato da crise gerada pela pandemia de Covid-19 na cidade. O mês com o maior número de demissões foi em abril, quando foram registradas 3.943 demissões. Já o período de maior recuperação foi novembro, com 1.987 contratações. O saldo do ano sem contar com dezembro foi de 1.987, mas o estoque de trabalhadores estava em 147.700, segundo o novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), aferido pelo Ministério da Economia. A variação do emprego formal de Londrina é negativa de 0,28. A cidade da Região Metropolitana com maior índice foi Prado Ferreira, com 25,48. O acumulado do Paraná foi de 2,32. “Se levarmos em conta a queda que tivemos nos meses de março, abril, maio e junho de 2020, a recuperação foi boa. Não conseguimos fechar o ano com saldo positivo, mas ficou bem perto. No acumulado de 2020, Londrina perdeu 415 postos de trabalho”, concluiu Moraes.