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Economia 5m de leitura

'Estamos consumindo os últimos metros das empresas tradicionais'

ATUALIZAÇÃO
10 de agosto de 2018

Mie Francine Chiba
AUTOR

Roberto Panzarani, presidente de empresa italiana de consultoria de inovação: "Precisamos favorecer o processo"



Hoje a mudança acontece não mais de forma linear, e sim exponencial. Porém, nossos cérebros não estão acostumados a esse tipo de mudança. Logo, estamos "consumindo os últimos metros das empresas tradicionais". O alerta é de Roberto Panzarani, presidente da Studio Panzarani, empresa italiana de consultoria de inovação e autor de livros sobre o tema. Ele veio nesta quinta-feira (9) a Londrina a convite da PUCPR Campus Londrina e do Fundo Smart Value para palestra em comemoração ao primeiro aniversário da aceleradora Hotmilk, da PUCPR Londrina.

Por não estarem acostumadas a mudanças exponenciais, as empresas não estão se dando conta da necessidade de mudança e inovação, diz o palestrante. "Elas não veem que isso pode acontecer no último momento de vida dessa empresa. Isso é muito triste porque a inovação é uma atividade de mobilização das pessoas dentro das empresas, ter proatividade frente ao que está acontecendo lá fora. Porque, hoje, a mudança não é mais linear, mas exponencial. Então, é muito rápida e a gente não está acostumado."

Panzarani, cuja empresa atende clientes na Itália, em Israel e nos EUA, onde tem unidades, conta que alguns entendem essa necessidade de inovação, outros ficam atrasados. "É quase um fenômeno de negação. 'Até quando eu tiver o meu mercado eu não vou mudar.' Elas vão até o último limite de lucratividade, sem mudar." A "cultura burocrática funcional" é o grande obstáculo para a inovação, na opinião de Panzarani. Porém, ele observa que as empresas têm grande responsabilidade sobre isso, especialmente as grandes, que têm o recurso para fazê-lo. A omissão pode afetar até mesmo as futuras gerações. "A grande empresa tem uma chance importante, pois tem o recurso para investir. Acho que isso está muito ligado ao conceito de responsabilidade da inovação, porque teve a possibilidade de fazer e não fez. Isso vai ser um ponto estratégico para o futuro da empresa, mas também para o ecossistema onde a empresa está atuando."

A inovação é um processo que envolve não apenas tecnologia, mas também cultura e educação para que os cidadãos possam se adaptar aos novos moldes de negócio, opina o palestrante. E toda a estrutura que está surgindo em torno das startups favorece o processo, principalmente para pequenas empresas. "É muito interessante criar lugares de inovação, ecossistemas para a inovação. Uma empresa pode até investir em inovação, mas quando são pequenas, a gente precisa de uma ajuda governamental, de empresas privadas que se juntam, como temos aqui (em Londrina) o exemplo. Precisamos favorecer o processo de inovação, porque somente com esse tipo de ajuda o pequeno empreendedor pode enfrentar esse momento de mudança radical que está acontecendo no mundo."

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