Roberto Panzarani, presidente de empresa italiana de consultoria de inovação: "Precisamos favorecer o processo"
Roberto Panzarani, presidente de empresa italiana de consultoria de inovação: "Precisamos favorecer o processo"



Hoje a mudança acontece não mais de forma linear, e sim exponencial. Porém, nossos cérebros não estão acostumados a esse tipo de mudança. Logo, estamos "consumindo os últimos metros das empresas tradicionais". O alerta é de Roberto Panzarani, presidente da Studio Panzarani, empresa italiana de consultoria de inovação e autor de livros sobre o tema. Ele veio nesta quinta-feira (9) a Londrina a convite da PUCPR Campus Londrina e do Fundo Smart Value para palestra em comemoração ao primeiro aniversário da aceleradora Hotmilk, da PUCPR Londrina.

Por não estarem acostumadas a mudanças exponenciais, as empresas não estão se dando conta da necessidade de mudança e inovação, diz o palestrante. "Elas não veem que isso pode acontecer no último momento de vida dessa empresa. Isso é muito triste porque a inovação é uma atividade de mobilização das pessoas dentro das empresas, ter proatividade frente ao que está acontecendo lá fora. Porque, hoje, a mudança não é mais linear, mas exponencial. Então, é muito rápida e a gente não está acostumado."

Panzarani, cuja empresa atende clientes na Itália, em Israel e nos EUA, onde tem unidades, conta que alguns entendem essa necessidade de inovação, outros ficam atrasados. "É quase um fenômeno de negação. 'Até quando eu tiver o meu mercado eu não vou mudar.' Elas vão até o último limite de lucratividade, sem mudar." A "cultura burocrática funcional" é o grande obstáculo para a inovação, na opinião de Panzarani. Porém, ele observa que as empresas têm grande responsabilidade sobre isso, especialmente as grandes, que têm o recurso para fazê-lo. A omissão pode afetar até mesmo as futuras gerações. "A grande empresa tem uma chance importante, pois tem o recurso para investir. Acho que isso está muito ligado ao conceito de responsabilidade da inovação, porque teve a possibilidade de fazer e não fez. Isso vai ser um ponto estratégico para o futuro da empresa, mas também para o ecossistema onde a empresa está atuando."

A inovação é um processo que envolve não apenas tecnologia, mas também cultura e educação para que os cidadãos possam se adaptar aos novos moldes de negócio, opina o palestrante. E toda a estrutura que está surgindo em torno das startups favorece o processo, principalmente para pequenas empresas. "É muito interessante criar lugares de inovação, ecossistemas para a inovação. Uma empresa pode até investir em inovação, mas quando são pequenas, a gente precisa de uma ajuda governamental, de empresas privadas que se juntam, como temos aqui (em Londrina) o exemplo. Precisamos favorecer o processo de inovação, porque somente com esse tipo de ajuda o pequeno empreendedor pode enfrentar esse momento de mudança radical que está acontecendo no mundo."