Alternativa para profissionais autônomos que não têm recursos para alugar ou comprar um escritório, ou mesmo para aqueles que apreciam um ambiente de colaboração, os espaços compartilhados (coworking) se multiplicaram e se diversificaram nesse ano. É o que mostra o Censo Coworking Brasil 2018: em 2017, havia 810 espaços de coworking no Brasil, e esse ano esse número saltou para 1.194 espalhados em 169 municípios com mais de 150 mil habitantes. São Paulo é o Estado com maior número de coworkings. O Paraná aparece em quinto lugar, com 75 desses espaços. Esses lugares movimentaram R$ 127 milhões em 2018, aumento de 57% em relação ao ano passado.

Espaço compartilhado para profissionais de beleza no centro: aluguel inclui taxa
Espaço compartilhado para profissionais de beleza no centro: aluguel inclui taxa | Foto: Gina Mardones



O crescimento no número de espaços compartilhados, de 48%, não é tão espantoso quanto o visto em 2017, de 114% em relação ao ano anterior. Mas segundo o estudo, em 2018 esses espaços começam a se organizar e amadurecer. Além disso, o perfil começa a se diversificar: "enquanto por um lado algumas marcas consolidam suas atividades, com espaços amplos e estruturados, no outro lado cada vez mais as pequenas empresas, os cafés e os centros comerciais abrem suas portas para a comunidade local, mesmo que ainda de forma improvisada", diz o estudo.

O movimento ainda é tímido, mas começa a aparecer. O estudo levantou que 6% dos espaços compartilhados são empresas privadas compartilhando ambientes. Exemplos desse movimento já podem ser vistos em Londrina. Em uma área nobre da cidade, universidade particular transformou um espaço em coworking destinado a estudantes e egressos. O local, que já pertencia à universidade, abriu para coworkers no ano passado. "A proposta era oferecer o espaço para alunos e egressos que têm uma ideia para empreender", conta Luciano Costa, gestor de projetos da UniFil (Centro Universitário Filadélfia). A expectativa era que alunos e egressos pudessem compartilhar ideias e que novos projetos nascessem ali. A universidade subsidia 30% da taxa para uso do espaço a estudantes no período de até três anos após eles se formarem. "Não conhecíamos nenhuma outra universidade que proporcionasse um espaço para os alunos", conta Costa.

O espaço também foi aberto para outros profissionais, que hoje são os principais usuários. São quatro estações de trabalho compartilhadas em um espaço de 60 metros quadrados com internet, ar-condicionado e secretária. Também tem sala de reunião com TV e cozinha com micro-ondas, café e bolachas no local. O aluguel é de R$ 499 o mês, R$ 349 meio período e R$ 40 a hora. A sala de reunião está disponível por R$ 60 a hora.

O Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná aproveitou o espaço de sua nova sede para que os profissionais pudessem ter um espaço para trabalhar e, ao mesmo tempo, se aproximar e compartilhar ideias e projetos, contou o presidente, Danilo Marconi. "Observamos que esta era uma forma de juntar jornalistas que não estão em redações, que têm projetos paralelos. Lá eles respiram e transpiram jornalismo. É uma forma de aproximar jornalistas, para que eles compartilhem ideias e projetos e se sintam bem em um espaço feito para eles." Jornalistas sindicalizados podem utilizar o espaço de graça. Para os demais, cobra-se R$ 3 ou R$ 5 a hora se houver uso do telefone. Além de estrutura com 13 estações de trabalho, telefones, computadores, cabeamento de rede e Wi-Fi, os profissionais também têm café, água, refrigerante e outros itens ao alcance nos intervalos de trabalho. O local ainda depende de liberação de alvará da Prefeitura para funcionar, mas o processo está em vias de ser concluído.

Um grande shopping de Londrina oferece desde 2016 um espaço compartilhado gratuito para clientes e lojistas com capacidade para até 25 pessoas, internet, e cabeamento para aparelhos eletrônicos. Segundo a gerente de marketing do Catuaí Shopping, Lorraine More, o centro de compras da cidade foi o primeiro do grupo a contar com o espaço. A ideia inicial era trazer para dentro do estabelecimento um espaço de trabalho voltado aos clientes, que também conta com todas as facilidades de um centro de compras como restaurantes, supermercado, papelaria.

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SALÃO COMPARTILHADO
Em outro shopping, mais popular, uma das proprietárias de lojas resolveu fracionar o espaço que possui no estabelecimento para que mais profissionais pudessem ocupá-lo, sem pagar muito aluguel. A ideia foi fazer daquele um espaço voltado à beleza: ao centro, foram dispostas 14 cadeiras com espelho e móvel para profissionais de beleza. Cada um está sendo alugado por R$ 500 ao mês, com contas de água, luz e condomínio já inclusas no valor. Há também quatro lavatórios em uma das extremidades do espaço, que podem ser utilizados pelos profissionais de maneira comunitária. O contrato é de um ano, mas o profissional deixa caução correspondente a apenas um aluguel, que fica com o proprietário, caso desista do espaço.

Inês Meranca, proprietária do local diz que, geralmente, um profissional de beleza tem que trabalhar para um salão ou alugar um espaço por conta própria. "Para quem está começando, imagine o medo de alugar uma sala com contrato e ter que devolver o imóvel em um ano pintado e com reparos." Por outro lado, o profissional pode trabalhar em um salão com CNPJ, mas costuma ter que pagar 30% do que ganha para o proprietário. E, dependendo de quanto faturar, o valor a ser pago pode ser alto.