A epidemia de febre aftosa, que afeta o gado britânico, continuou aumentando ontem, com o anúncio de cinco novos focos. A crise é tão grande que chegou, inclusive, a ser cogitada a celebração de eleições antecipadas na próxima primavera (hemisfério norte).
Com os focos desta ontem já são 17 os identificados em todo o país, informou o ministério britânico da Agricultura.
A crise de febre aftosa preocupa cada vez mais a Europa continental, a tal ponto que o ministro francês da Agricultura, Jean Glavany, anunciou ontem a decisão de sacrificar ‘‘como medida preventiva’’ 20.000 ovinos importados da Grã-Bretanha desde o dia 1 de fevereiro de 2001, apesar de, até o momento, nenhum caso ter sido detectado na França.
As autoridades francesas também decidiram abater pela primeira vez 1.604 ovinos nascidos na França, que tiveram contato com cordeiros britânicos que poderiam ser portadores da febre aftosa, segundo uma fonte ligada à crise.
O comitê veterinário permanente da União Européia (UE) decidiu ontem prolongar até o dia 9 de março o embargo decretado sobre todos os animais e produtos derivados procedentes da Grã-Bretanha, devido à descoberta de casos de febre aftosa, informou a Comissão.
O embargo inicial, decidido semana passada, terminaria quinta-feira. Uma eventual prorrogação do embargo depois de 9 de março será estudada durante a próxima reunião do Comitê prevista para os dias 6 e 7 de março.
A Suíça também proibiu a importação de animais ou produtos derivados de carne britânica.
Vários países como Alemanha e França anunciaram a intenção de sacrificar os ovinos importados recentemente da Grã-Bretanha, o que representa dezenas de milhares de animais.
As corridas de cavalo na Grã-Bretanha foram canceladas, a contar a partir de hoje e até o dia 7 de março, devido ao risco de contágio da febre aftosa, anunciaram ontem as associações de jóqueis e de corridas.
Muitas corridas já haviam sido anuladas nos últimos dias nas regiões próximas dos focos da doença.
Até ontem foram identificados 17 focos da doença na Grã-Bretanha. A enfermidade não causa problemas no homem, mas é extremamente contagiosa para o rebanho.
Os cavalos podem não ser tocadas pela doença, mas podem transportar o vírus.
Argentina A Argentina anunciou ontem que EUA e Canadá manterão abertos seus mercados para as exportações de carne do país, apesar da retomada da vacinação de parte do rebanho contra a febre aftosa.
A informação foi dada pelo vice-presidente da Senasa (o órgão de controle de qualidade sanitária dos alimentos), Eduardo Greco, ao final de reuniões com os técnicos do Aphis (sigla em inglês para o serviço fiscalizador dos EUA).
De acordo com Greco, os norte-americanos aceitaram o plano de vacinação do governo argentino. O programa prevê que sejam vacinados 11 milhões de animais (22% do rebanho), embora seis dias atrás a informação era que o número não passaria de 6 milhões.
A manutenção do mercado da América do Norte representa um alívio para os pecuaristas e frigoríficos: em 2000, Canadá e EUA compraram 95 mil toneladas de carne sem osso da Argentina, que resultaram em US$ 133,7 milhões -ou 23% do total comercializado (US$ 597 milhões). O primeiro mercado do produto argentino é a União Européia, de onde saíram US$ 291 milhões.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura do Brasil fechou as fronteiras para as exportações de carne com osso do país vizinho, com base no reaparecimento de focos de aftosa no rebanho. Em seguida, a OIE (Organização Internacional de Epizootias) rebaixou a classificação argentina de livre da aftosa sem vacinação (o primeiro grau na escala) para livre da doença, mas com vacinação.
O secretário da Agricultura, Antonio Berhongaray, divulgou a versão de que a perda do status seria regional -nas áreas em que o gado passaria por inoculação-, mas acabou desmentido pela OIE.
Os canadenses, após reunião com o grupo de Greco informaram que mais uma vez ratificariam a decisão do parceiro. Até ontem, nenhuma autoridade dos EUA confirmou o anúncio de manutenção do mercado feito pelos argentinos.