Placas solares na entrada da Universidade Positivo, em Curitiba; energia abastece refeitório da instituição
Placas solares na entrada da Universidade Positivo, em Curitiba; energia abastece refeitório da instituição | Foto: Divulgação

O número de estabelecimentos comerciais, residências e indústrias que investem em geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis (geração distribuída) cresce ano a ano no Estado. A possibilidade veio com uma Resolução Normativa da Aneel, que entrou em vigor em 2012. De 2017 para 2018, o número de UGDs (Unidades de Geração Distribuída) de energia quase dobrou no Paraná, saltando de 817 para 2.437. A potência instalada dessas unidades de geração distribuída de energia quase triplicou, indo de 7.680 Kw para 29.661 Kw. Até o último dia 12, 718 UGDs com potência instalada de 10.177 Kw já tinham sido instalados no Estado, contra 543 de 11.194 Kw no mesmo período de 2018.

Além da busca por soluções de energia de baixo impacto ambiental, a economia é um dos principais motivos apontados por aqueles que optam pela geração distribuída. O excedente de energia gerada não utilizada vai para a rede de distribuição de energia, que é revertida em créditos que podem ser utilizados para abater o consumo da unidade consumidora nos meses seguintes ou em outras unidades da mesma titularidade, com validade de 60 meses.

No total, o Paraná possui 75.470 usinas de geração distribuída de energia. O número corresponde a 6,15% do total de UGDs no País. Juntas, essas unidades têm 5,88% da potência instalada nas UGDs de todo o País. Os estabelecimentos comerciais são responsáveis pela maior potência instalada no Estado. São 26.835 Kw distribuídos em 983 UGDs instalados em estabelecimentos comerciais no Paraná. Quase todas as unidades de geração distribuída paranaenses são do tipo UFV (Central Geradora Solar Fotovoltaica), ou seja, alimentadas por radiação solar.

Um dos supermercados do Grupo Muffato tem a maior usina solar instalada em telhado no Brasil e uma das 30 maiores do mundo. A usina fica em uma das unidades do Max Atacadista, braço de atacado do Grupo, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. São 7,5 mil metros quadrados cobertos por 2.800 placas fotovoltaicas instaladas no telhado do estabelecimento. A usina tem a capacidade de geração de 1.021,02 Kwp (Kilowatt pico), o suficiente para abastecer 650 casas/ano, considerando um consumo médio mensal de 200 Kw.

Maior usina solar instalada em telhado no Brasil, em uma das unidades do  atacado do Grupo Muffato, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo
Maior usina solar instalada em telhado no Brasil, em uma das unidades do atacado do Grupo Muffato, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo | Foto: Divulgação

A usina utiliza painéis monocristalinos, de silício mais puro, que são 30% mais eficientes que os comuns, e atende até 80% da demanda de energia do supermercado, que varia entre 210 e 250 Mwh (Megawatt-hora), afirma Geferson Luiz Vicari, gerente de expansão do Grupo. “Ela supre parte da energia durante o dia e tem horário que gera além e injeta na rede.” No final do mês, a economia é de cerca de 50%. O retorno do investimento, que não foi revelado, é de oito a nove anos, afirma o gerente. A usina é a primeira do Grupo Muffato, que avalia construir outras em novos supermercados.

As placas instaladas próximas à portaria da Universidade Positivo, em Curitiba, abastecem o refeitório da instituição, que serve cerca de 700 refeições por dia. A quantidade de energia gerada pela usina é capaz de atender cerca de 50 casas, afirma Jair Bordignon, gerente de Operações e gestor do Projeto de Eficiência Energética da Divisão de Ensino do Grupo Positivo. O excedente de energia gerado pela radiação solar durante o dia, quando o consumo é menor, abastece o local durante a noite, quando não há radiação solar e o consumo de energia é maior. “Um pouco dela vai para a rede em horário de sol e volta para a universidade à noite”, explica Bordignon. Com as placas, a universidade paga 5% menos energia para o Grupo Alexandria, que instalou a usina no local sem custos.

A geração de energia fotovoltaica é considerada mais flexível e democrática, já que as placas que recebem a radiação solar para geração de energia podem ser instaladas em qualquer lugar, mesmo que o espaço seja restrito. “Tem uma flexibilidade de aplicações absurda. É modular e pode ser utilizada tanto em residências quanto em grandes indústrias”, explica Alexandre Brandão, CEO do Grupo Alexandria, de projetos e operações financeiras estruturadas no setor de energia.

A energia também pode ser gerada em uma região e utilizada em outra, desde que dentro da mesma área de concessão. “Não existem limitações nesse sentido. O único balizador é o financeiro”, completa o CEO do Grupo Alexandria.

Economia com usina solar fotovoltaica chega a 90%

Uma usina solar não traz 100% de economia, pois há taxas mínimas que ainda devem ser pagas para a concessionária de energia, avisa Márcio Takata, conselheiro da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). Afinal, o sistema funciona conectado à rede elétrica. Além disso, a concessionária de energia é necessária quando a usina solar fotovoltaica não consegue dar conta de toda a demanda. “A tendência é que com a evolução das baterias se crie uma independência maior das concessionárias de energia”, diz Takata.

Mesmo assim, a economia já pode chegar a 90%. “Ainda é um mercado que está dando os seus primeiros passos, mas essa é a grande tendência mundial – gerar energia de forma renovável, sustentável e num modelo descentralizado”, conclui o conselheiro da Absolar. Com R$ 15 mil já é possível investir em uma usina e ter o retorno do investimento em quatro a sete anos, diz Takata.

Empresas especializadas em projetos de geração distribuída atuam com a construção de usinas no modelo de venda e até locação. Uma indústria que consome cerca de R$ 80 mil ao mês com energia elétrica precisa investir R$ 3 milhões para construir sua própria usina. No modelo de locação, ela paga R$ 70 mil ao mês e, depois de 10 anos, a usina é dela. O retorno do investimento vem em três a quatro anos, dependendo da métrica utilizada para calcular o payback, afirma Brandão.

Londrina

Em Londrina, o número de UGDs também quase duplicou (181,1%) de 2017 para 2018, com crescimento de 255,6% na potência instalada. Até 12 de maio, o número de unidades de geração distribuída de energia já havia crescido 40,7% na comparação com igual período de 2018. A potência instalada aumentou 213%. Londrina tem 277 unidades de geração distribuída de energia, todas fotovoltaicas, que representam 5,96% das unidades instaladas no Estado. No total, elas somam 4,43% da potência instalada nas UGDs do Paraná.

Os estabelecimentos comerciais concentram a maior potência instalada na cidade (1.113,56 Kw), distribuída em 48 unidades de geração distribuída.

Imagem ilustrativa da imagem Energia limpa com economia na fatura
| Foto: Folha Arte