A proporção de londrinenses endividados cresceu durante a pandemia e chegou a 67,6%, no mês de agosto. Isso é o que mostrou a PEIC (Pesquisa Trimestral de Endividamento e Inadimplência) realizada pela NuPEA (Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas) da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), campus Londrina. Em março, o índice era de 56%.

Imagem ilustrativa da imagem Endividamento dos londrinenses aumentou na pandemia
| Foto: iStock

Segundo o NuPEA, esse é o segundo maior nível de comprometimento da renda já alcançado desde que a pesquisa começou, em 2016. O primeiro foi no primeiro trimestre de 2017, com percentual de 68,2%. A média histórica é de 61,9%.

Entretanto, a inadimplência dos londrinenses caiu nesta última pesquisa, de 24,3% para 24%. A média histórica é de 28,8%.

Para o economista e coordenador da pesquisa, Marcos Rambalducci, o comprometimento da renda do londrinense (67,6%) aumentou devido à perda do emprego e renda, mas acompanhou a do brasileiro (67,5%). O que mudou entre as famílias londrinenses foi a forma de contraí-la, o que fez diminuir o índice de inadimplência.

O cartão de crédito continua sendo o principal meio de endividamento. Porém, o seu uso caiu de 51% na pesquisa anterior para 46,7%. Por outro lado, as dívidas cresceram no crédito consignado, tipo de crédito que o consumidor não consegue deixar de pagar, porque as parcelas são descontadas diretamente do salário ou aposentadoria.

"A gente pode perceber que o aumento do endividamento não foi no cartão de crédito, pois houve diminuição significativa do seu uso. Em compensação, aumentou a utilização do consignado", comenta Rambalducci. "Você percebe que há uma mudança no perfil do endividamento, as pessoas estão saindo das compras no varejo para outro tipo de dívida. No consignado o juro é mais barato e as pessoas começaram a se dar conta que a prestação de produtos comprados parcelados é mais cara e começaram a fugir desse tipo de crédito."

Pagamento de dívidas

O percentual das famílias que declararam que não terão condições de pagar pelo menos parcialmente suas dívidas também caiu de 34,9% para 32,5%. A maioria (65%) disse que conseguirão pagá-la pelo menos parcialmente. Daquelas que contraíram alguma dívida, apenas 7,8% não terão condições de pagar ao menos uma parte dela. A média histórica é de 10,2%.

A maioria dos londrinenses (51,5%) se declarou medianamente endividada. Outros 38,3% se declararam muito endividados e 6,6% pouco endividados. Das famílias que possuem alguma dívida, a maioria (61,1%) respondeu que vai levar mais de um ano para pagá-la.