Imagem ilustrativa da imagem Endividamento das famílias londrinenses é o maior desde 2016
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O nível de endividamento das famílias londrinenses atingiu o maior nível da série histórica iniciada em 2016 - 68,8% contra 68,3% na última pesquisa, segundo o O Peic (Perfil de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgado nesta segunda-feira (8) . A pesquisa é realizada a cada três meses pelo NuPEA (Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas), da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), campus Londrina, e da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

O nível de endividamento diz respeito ao percentual de famílias que possuem contas ou dívidas contraídas com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimos pessoais, compra de imóvel e prestações de carro e de seguros.

Os dados mais preocupantes, entretanto, são os de famílias com contas em atraso e que não terão condições de pagá-las. O percentual de famílias endividadas que estão com alguma conta em atraso chega a 38,3%. Na pesquisa anterior, a proporção era de 37,1%. Este índice recai principalmente nas famílias cuja renda é igual ou inferior a 10 salários mínimos. Quem recebe mais de 10 salários mínimos não declarou ter dívidas em atraso.

Indicador ainda mais grave é o de famílias que não terão condição de pagar, nem em parte, as suas contas. O percentual cresceu de 14,3%, na última pesquisa, para 22%. Entre aqueles com alguma conta em atraso, o índice é de 40%, contra 38,5% na pesquisa anterior.

"O endividamento, embora alto, não é preocupante. Preocupante é a capacidade que as famílias têm de pagar suas dívidas", afirma Marcos Rambalducci, economista e um dos coordenadores da pesquisa. "Vimos que praticamente 7 entre 10 famílias têm dívidas, e dessas, 38,3% mantiveram alguma prestação em atraso porque não conseguiram pagar esse mês. E o mais preocupante é que desses 38,3%, quase metade não vai conseguir pagar essas dívidas, o que significa que vão entrar na lista de inadimplentes ou permanecer nela."

Para o economista, os índices elevados têm relação com a alta taxa de desemprego, com a diminuição da renda das famílias e com o encerramento do auxílio emergencial em dezembro.

Dos 322 respondentes, da pesquisa, a maioria (49,1%) se declara medianamente endividada. outros 36% se declaram muito endividados, e 14,9% pouco endividados.

Por ser o tipo de acessoa crédito mais fácil, o cartão de crédito é a principal fonte de endividamento das famílias londrinenses (48,9%), seguido da prestação da casa (14,9%), da prestação do carro (14%) e dos carnês (11,8%).

Das famílias que possuem alguma dívida, a maior parte (45,5%) levará mais de um ano para quitá-las. Outros 22,5% levarão entre três e nove meses, 15,8% entre seis meses e um ano e 15,3% até três meses.

O QUE FAZER?

A primeira coisa a se fazer quando há dívidas em atraso é fazer um levantamento de todas as dívidas e buscar maneiras de aumentar o ingresso de receita, vendendo uma propriedade ou carro, por exemplo. "Desde que não tire a alimentação da mesa, vale tudo para se livrar das contas", diz o economista.

Depois, deve-se renegociar as dívidas com o credor, que também passa por dificuldades. "Essa renegociação pode prever a retirada de multa, de juros ou reparcelamento da dívida", sugere Rambalducci. Mas, ao mesmo tempo, ele alerta que, antes de renegociar, as famílias precisam saber exatamente qual sua capacidade de assumir a nova dívida, sob o risco de reincidir na inadimplência.