Carmem Murara
De Curitiba
Investir na educação do funcionário pode representar melhoria no desempenho operacional e financeiro da empresa, além de capacitação do empregado para o mercado de trabalho. As empresas paranaenses estão aprendendo esta lição e cada vez mais destinam parte de seus recursos para financiar cursos para os funcionários.
Desde que começou a criar programas de incentivo à educação, a empresa Hettich/Plastipar – fabricante de acessórios plásticos para móveis – começou a ganhar produtividade e a rotatividade dos funcionários caiu para 2% ao mês. Hoje o rendimento dos empregados é 40% superior ao período que antecedeu o programa escolar.
A Hettich/Plastipar iniciou o projeto de educação fundamental em 1997, que levou cursos supletivos de 1º e 2º graus para os cerca de 650 funcionários da linha de montagem. Com financiamento do Fundo de Estudos e Projetos (Finep) do governo federal, a empresa investe R$ 1 milhão por ano. Para evitar a evasão escolar e o desinteresse dos funcionários, a empresa construiu salas de aula dentro da fábrica, na Cidade Industrial de Curitiba.
O diretor-geral da Plastipar, Daniel Winocur, ressalta a importância de se manter o programa que acaba por beneficiar diretamente funcionários e empresa. Winocur prefere não atrelar a melhoria no desempenho operacional da empresa, exclusivamente, à educação dos funcionários. Ele diz que não se pode esquecer o investimento em tecnologia. ‘‘As novas tecnologias que temos ajudam no desempenho, mas é evidente que os funcionários com mais escolaridade conseguem assimilar melhor a forma adequada para o manuseio das máquinas’’, diz Winocur.
Quando o programa começou, 40% dos funcionários da Plastipar não tinham completado o primeiro grau. Outros 17% tinham o primeiro grau completo e 23% tinham o segundo grau completo. O restante possuía curso superior. Hoje os números refletem a melhoria, pois 24% estão com o primeiro grau incompleto, 31% com o primeiro grau completo e 35% com o segundo grau completo.
O que a Hettich/Plastipar descobriu há três anos, a fábrica de caminhões e ônibus Volvo faz há cerca de 10 anos. A empresa investe na educação dos funcionários pelo sistema de reembolso. A gerente de Recursos Humanos da Volvo, Sônia Gurgel, disse que a empresa reembolsa 50% das despesas que são feitas com o 1º, 2º, 3º graus e pós-graduação. A montadora gasta aproximadamente R$ 1,5 milhão com educação.
A Sanepar é outra empresa que recém descobriu as vantagens de se investir na escolaridade dos funcionários. O Programa de Incentivo à Educação começou em abril do ano passado e se estende aos 3,8 mil funcionários em todo o Estado. ‘‘Nossa meta é ter todos os funcionários com 2º grau completo até 2003’’, disse a gerente de RH da Sanepar, Cláudia Trindade. No ano passado, a Sanepar investiu com recursos próprios R$ 750 mil em educação e vai gastar R$ 1 milhão em 2000.