Uma tecnologia para a produção de biodefensivos agrícolas foi a prova de como o ecossistema de Londrina pode prover os recursos necessários para o desenvolvimento de projetos inovadores. Da união de três empresas dos setores de agro, metalmecânico e TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) da cidade, surgiu um projeto que foi selecionado em um edital de apoio financeiro a projetos de implantação de tecnologias 4.0 no agronegócio, o Agro 4.0, da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), em parceria com o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Imagem ilustrativa da imagem Empresas de Londrina se unem para desenvolver tecnologia 4.0 para o agro

A produção de biodefensivos agrícolas costuma ser muito manual, o que faz o custo aumentar significativamente, afirma Joan Brigo Fernandes, CEO e fundador da Usina Biológica. "Demanda mão de obra e muitas vezes inviabiliza economicamente a produção." O uso de tecnologia de automação muda o cenário. "Com o desenvolvimento de tecnologia de automação, a gente hoje já está conseguindo reduzir mão de obra e viabilizar economicamente", explica Fernandes.

Em ambientes controlados, também é possível aumentar a escala de produção de organismos. O projeto de Londrina apresentado no edital da ABDI e do Mapa reside em uma câmara de reprodução de biodefensivos como o parasitoide de ovos de percevejo, com controle de variáveis como temperatura, luz e umidade.

A ideia é desenvolver uma tecnologia que colhe e envia para um sistema dados sobre as condições ideais para reprodução dos biodefensivos e controla as variáveis do equipamento de forma remota com o objetivo de tornar o ambiente mais propício à reprodução dos organismos. No futuro, o objetivo é utilizar Inteligência Artificial para que as máquinas tenham autonomia no controle das câmaras.

O projeto foi viabilizado por meio da parceria da Usina Biológica com a Indusfrio, do setor metalmecânico, e a Agriungo, do setor de TIC. A Indusfrio, que atua no segmento de equipamentos para cozinhas profissionais - havia entrado no mercado de agro há pouco tempo, quando começou a comercializar câmaras de brotação para o plantio de mudas cana-de-açúcar. O produto foi desenvolvido em conjunto com um cliente, que havia adaptado um produto da empresa - uma câmara de alimentos - para a produção de mudas de cana-de-açúcar.

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"A partir disso, a gente começou a enxergar que outras cultura também poderiam se beneficiar desse equipamento. Então começamos a abrir testes em outros segmentos, e um deles é o segmento do Joan (Fernandes), de biodefensivos", contou Sérgio Henrique Pacheco, diretor de Novos Negócios da Indusfrio.

Os equipamentos para reprodução de biodefensivos serão equipados por um software que permite fazer o controle remoto das condições do ambiente, e o software está sendo desenvolvido pela Agriungo, outra empresa de Londrina.

Hoje, o segmento de agro se tornou uma nova unidade de negócios da Indusfrio, e representa cerca de 5% do faturamento da empresa. "Mas é um faturamento de venda de equipamentos. Temos a ideia de transformar o produto em um serviço, fornecer informações e fazer o gerenciamento dessas informações", conclui Pacheco.