Uma força-tarefa formada pela Polícia Civil do Paraná, Receita Federal, receitas estaduais do Paraná, Minas Gerais e São Paulo e Instituto de Criminalística do Paraná deflagrou, nesta quinta-feira (12), a segunda fase da Operação Expresso, que investiga um esquema bilionário de sonegação fiscal na comercialização de café em grão no Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em torrefadoras de café, corretoras e empresas de Londrina, Maringá, Ivaiporã, Faxinal, São Jorge do Patrocínio e Jesuítas.

Imagem ilustrativa da imagem Empresas de Londrina são alvo da segunda fase da Operação Expresso
| Foto: Simoni Saris

O cumprimento das ordens judiciais nesta quarta-feira teve como objetivo alcançar outras empresas atuantes no esquema de corrupção e foi resultado das diligências e análise de materiais apreendidos na primeira fase da operação, deflagrada em março. Na primeira fase, 59 pessoas foram indiciadas pela prática dos crimes de organização criminosa e falsidade ideológica e elas devem responder a processo. Com a análise do material apreendido no início do ano, foram identificados outros integrantes, alvos dos mandados de busca e apreensão expedidos nesta segunda fase. Seriam dezenas de empresas envolvidas no esquema e que se beneficiavam da emissão de notas frias para gerar prejuízos no setor, sonegar impostos e creditar indevidamente o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) forjando transações interestaduais.

Segundo apuraram os investigadores, uma das empresas que foram alvo da segunda fase da operação, em Londrina, emitiu no último ano R$ 44 milhões em notas fiscais. A empresa, no entanto, não possuía nenhum empregado e tinha em sua carteira de clientes grandes atacadistas da região.

Em uma das corretoras investigadas, com sede em Maringá, um representante intermediava a compra de café em grão para uma torrefadora em Jandaia do Sul usando notas fiscais frias emitidas por empresas laranjas chamadas de “noteiras” do estado de São Paulo. As investigações levantaram que o produto, na verdade, era originário de Minas Gerais ou do Espírito Santo e que a empresa destinatária ficava com os créditos de ICMS. “São pessoas que não recolheram um centavo de ICMS na comercialização de café”, disse o delegado titular da Decor (Delegacia de Combate à Corrupção) em Londrina, Thiago Vicentini de Oliveira. Os nomes das empresas e dos corretores não foram divulgados. Na primeira fase, as investigações apuraram uma fraude no valor de R$ 1 bilhão.

“O esquema criminoso em si é simples. A complexidade da investigação se dá para a identificação das operações, das empresas frias que estavam atuando e das pessoas físicas envolvidas que se beneficiavam das operações”, destacou o delegado-chefe da Divisão Estadual de Combate à Corrupção da Polícia Civil do Paraná, Alan Flore.

IDEALIZADORES

Desde a primeira fase, os investigadores destacam que essa operação se diferencia por conseguir chegar até os idealizadores do esquema. “São pessoas que conhecem a fundo toda a legislação estadual e federal e que conseguem armar e vender para terceiros esse estratagema criminoso que impossibilita o fisco de recolher esse tributo”, ressaltou o auditor fiscal e delegado da Receita Federal em Londrina, Reginaldo Cezar Cardoso.

A Operação Expresso é resultado de investigações iniciadas há mais de dois anos pela Polícia Civil do Paraná e de trabalhos anteriores da Receita Federal e da Receita Estadual de Minas Gerais. Na primeira fase, em março, foram cumpridos 16 mandados de prisão no Paraná, nove em Minas Gerais, três no Espírito Santo e dois em São Paulo. Durante a ação, foram apreendidos também 15 veículos em Londrina e R$ 300 mil em joias no Espírito Santo, além de diversos celulares, computadores e documentos que auxiliaram na continuidade das investigações.

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.