Restaurantes e autônomos que vendem comida estão se reinventando para enfrentar a crise causada pelo novo coronavírus. As estratégias para atrair clientes são diversas, como promoções, distribuição gratuita de álcool em gel e ampliação da presença dos negócios nas redes sociais.

Imagem ilustrativa da imagem Empresários apostam na criatividade e no delivery
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A consultora do Sebrae, Alessandra de Almeida, destaca que o momento exige dos empresários flexibilidade para se reinventarem. “O empresário precisa inovar, pensar fora da caixinha e sair da zona de conforto. Deve pensar em outras alternativas para atrair novos públicos. Pode, por exemplo, diversificar o cardápio, com opções fit ou vegetarianas, mercado que está crescendo e consolidado”, exemplificou.

Proprietário do Restaurante Minas de Ouro, Marcio Mazzioni está na luta para atrair mais clientes desde que o isolamento social se tornou rotina. As três unidades do restaurante foram fechadas ao público dia 23 de março, mas o serviço de entrega de marmitex seguiu em dois deles, um na avenida Maringá e outro na Duque de Caxias – a unidade do Shopping Quintino suspendeu todas as atividades.

De acordo com Marcio, as estratégias adotadas até então têm sido eficientes. “Fizemos uma marmita promocional com preço mais baixo, com a mesma quantidade e qualidade que já tínhamos, e acrescentamos um sachê de álcool em gel gratuitamente. Além disso, fizemos uma boa divulgação nas redes sociais”, listou.

Desde 25 de março, os clientes já vêm recebendo um sachê de álcool em gel como cortesia. “Conseguimos comprar o álcool, pois estava em falta no mercado. Daí em diante, começamos a divulgar para ver se as vendas melhoravam e foi um sucesso, cada dia aumentam mais”, comemora.

Após essas ações, a venda de marmitas no restaurante da Duque de Caxias já cresceu 75% - antes do coronavírus, a unidade vendia 80 marmitex por dia e hoje comercializa 140. Na unidade da avenida Maringá, o volume de vendas aumentou 41% - de 120 marmitas diárias, o número saltou para 170. A equipe atual tem potencial para preparar de 400 a 500 marmitex por dia. “Daí daria um resultado bom”, destacou Marcio.

O empresário acrescenta que o faturamento total obtido com as marmitex hoje será para pagar o aluguel dos imóveis. “Pagamos muito caro e temos uma loja fechada com faturamento zero”, citou. Funcionários do restaurante no Shopping Quintino receberam férias coletivas por 20 dias. Apesar do desafio e da queda de faturamento projetada em 80% por conta da suspensão do atendimento self-service, Marcio destaca que não se deve desistir frente à crise.

“Devemos sempre dar o nosso melhor e nunca perder a qualidade. Estamos aguardando uma decisão sensata por parte dos governadores, para que consigam combater o vírus sem destruir empresas e empregos. Acredito que possamos sair mais fortes desta situação”, concluiu.

Parcerias e diferenciais

Sócios da Casa Rachid, o casal Bruna Lais Duarte e Pedro Rachid de Paula Reino resolveu se lançar profissionalmente na venda de comida árabe há um mês, momentos antes de estourar a pandemia de coronavírus. Eles, que já cozinhavam de maneira informal para a família e os amigos, recebiam elogios frequentes – a família de Pedro é de ascendência árabe. “Enxergamos como uma possibilidade ante o desemprego de ambos”, afirmou Bruna. Neste momento inicial, Bruna e o namorado são os cozinheiros, administradores e entregadores da Casa Rachid.

Para divulgar os pratos, Bruna e Pedro fazem uso das redes sociais e investem em parcerias com influenciadores digitais, com o intuito de ampliar a visibilidade do negócio. “Nossos diferenciais são o preço, a utilização de medidas de segurança no preparo e nas entregas, além de matéria-prima de qualidade e a criatividade na comunicação com os clientes e na divulgação nas redes sociais”, listou.

O negócio começou praticamente junto com o início do isolamento social, em que o casal só sai para compras e entregas, mas também veio num momento em que os consumidores estão preocupados e mobilizados em apoiar os pequenos negócios. “Nossa expectativa é, a longo e a médio prazo, abrir um espaço físico. A curto prazo, pretendemos aumentar o ritmo de vendas e fazer as pessoas nos conhecerem e se tornarem clientes”, conclui.

‘É essencial estar no meio digital’

A consultora do Sebrae destaca a importância da presença do empreendedor no meio digital – Facebook, Instagram, WhatsApp – para que o cliente tenha conhecimento do que o empresário está fazendo. “É essencial os empresários estarem no meio digital. O cliente está em casa, não vê frequentemente a marca, a fachada, e precisa enxergar o que está sendo feito, como o cardápio, as promoções”, pontuou.

Outra maneira de ampliar a visibilidade é por meio da criação de conteúdo. “Pode ser feita uma live com receitas ou mostrando o processo interno para servir o alimento da melhor maneira possível”, sugeriu.

Neste momento, as parcerias também são mais que bem-vindas. “Além dos influenciadores digitais, um restaurante que trabalha com marmita fitness, por exemplo, pode fazer parceria com uma academia, com nutricionista, para produzir conteúdo, vídeo de treinos.”

Para os estabelecimentos que seguem totalmente fechados, uma alternativa é a venda de vouchers, um vale que pode ser vendido antecipadamente – na forma de valores ou de pratos – para ser utilizado depois. Seria uma maneira de gerar liquidez. “Antes de definir as estratégias de atuação, é preciso que o empresário faça uma análise de custos e do fluxo de caixa para compra da matéria-prima. Se adotar o voucher, precisa avaliar a capacidade para entregar depois, pode estabelecer alguns dias por semana para consumo”, sugeriu.

Consultoria gratuita

O Sebrae oferece consultoria on-line gratuita a empreendedores. Interessados podem fazer o agendamento pelo telefone 3373-8000 ou pelo WhatsApp (41) 99787-8003, de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h.O site do Sebrae dispõe de conteúdo gratuito sobre como você pode minimizar o impacto financeiro da Covid-19 no desenvolvimento do seu negócio, basta acessar www.sebraepr.com.br