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Economia 5m de leitura

Empresa londrinense executa projeto pioneiro de usina solar em aterro

Obra inédita na América Latina deve ser inaugurada no próximo dia 29, em Curitiba

ATUALIZAÇÃO
29 de março de 2023

Simoni Saris - Grupo Folha
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Empresa londrinense executa projeto pioneiro de usina solar em aterro

Em meio às discussões cada vez mais amplificadas sobre a urgência de se combater o aquecimento global e de se buscar tecnologias de baixo carbono como alternativas aos combustíveis fósseis, o Brasil se destaca pelo seu enorme potencial energético. Quase 50% da matriz energética atual do país vêm de fontes renováveis e, dentre elas, a energia solar tem ganhado maior relevância. Pela primeira vez, o país figura no ranking dos dez maiores geradores de energia a partir dessa fonte no mundo. Relatório da Irena (Agência Internacional de Energia Renovável) apontou que, em 2022, o Brasil ultrapassou os 24 GW (Gigawatt) de potência operacional e, segundo o Ministério de Minas e Energia, em 2023 este número já ultrapassou os 26 GW.

Os dados consideram a soma das grandes usinas solares e de sistemas de geração solar própria de pequeno e médio portes. Em janeiro deste ano, a fonte solar se tornou a segunda maior em capacidade instalada no Brasil. De acordo com a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), desde julho de 2022, a potência nacional cresce cerca de 1 GW por mês, em média.

PROTAGONISTA EM transição energética

Algumas ações se sobressaem e contribuem para que o Brasil alcance o protagonismo na transição energética, uma das metas do governo federal, segundo o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. Além do aproveitamento sustentável dos recursos naturais abundantes no país, o ministro vê no setor um imenso potencial para gerar emprego e renda para a população.  

No próximo dia 29, data em que Curitiba comemora 330 anos de sua fundação, deverá ser inaugurada a Pirâmide Solar do Caximba, uma usina fotovoltaica construída sobre um aterro sanitário desativado em 2010, após duas décadas de atividade. A estrutura, que ocupa uma área de 49 mil metros quadrados, é composta por quase 8,6 mil módulos fotovoltaicos responsáveis pela transformação da radiação solar em energia, com potencial instalado de 4,55 MWp (Megawatt-pico), o equivalente a 30% da energia necessária para abastecer todos os prédios e edifícios públicos da capital, segundo o diretor comercial da Bonö Fotovoltaico, Marcelo Abuhamad. A empresa londrinense foi a responsável pela execução do projeto que demandou um investimento de R$ 28 milhões e deve reduzir em R$ 5 milhões por ano os gastos da prefeitura com energia.

a Pirâmide Solar do Caximba

O projeto curitibano foi viabilizado a partir de parcerias internacionais. Foi selecionado pela rede de cidades C40 e contemplado com recursos do CFF (Cities Finance Facility) do C40 para elaboração. A usina solar segue as regras de Geração Distribuída da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). O projeto também é uma colaboração do C40 Cities Climate Leadership Group e da GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), instituição alemã que apoia cidades no desenvolvimento de projetos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e frear o aumento da temperatura global.

O programa da capital é financiado pelo BMZ (Ministério Federal Alemão para o Desenvolvimento Econômico e Cooperação), pelo BEIS (Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido) e pela USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).

A Pirâmide Solar do Caximba, que apesar do nome não possui formato piramidal, faz parte de um conjunto de iniciativas do Curitiba Mais Energia, uma das estratégias da cidade para combater e mitigar as mudanças climáticas. Além da usina construída no antigo aterro, o programa prevê instalação de painéis solares em espaços públicos como o Palácio 29 de Março e terminais de transporte coletivo.

INICIATIVA INÉDITA

A iniciativa é inédita na América Latina e transforma um passivo ambiental e financeiro em um ativo econômico e ambiental, ressaltou Abuhamad. Foram quatro meses de trabalho na concepção do projeto de fundação e layout da usina, um trabalho desenvolvido com a participação de vários especialistas, e a execução levou 260 dias. “A usina do aterro do Caximba deve gerar economia para os próximos 30 anos. Os módulos têm garantia de eficiência de 80% por 25 anos, ou seja, quando passar 25 anos, ainda vai estar produzindo 80% da sua capacidade. Mas a tendência é que funcione por mais de 30 anos. Há usinas solares funcionando por 40 anos, com mais de 70% da capacidade”, explicou o diretor comercial.

 viabilidade de usina solar no aterro do Limoeiro

O projeto da Pirâmide Solar do Caximba pode ser replicado em outras cidades, mas requer estudos aprofundados para checagem e avaliação de espessura, comportamento e estabilidade do solo, prova de carga para medição de recalque, análise da topologia e estrutura do aterro. “Como tem lixo compactado e forma gases, esses resíduos causam a deformação no solo. Antes de implantar o projeto fotovoltaico no aterro sanitário, tem que entender muito bem como está a situação do solo”, disse o diretor comercial da Bonö Fotovoltaico, Marcelo Abuhamad.

Instabilidade e deformação do terreno por conta da decomposição dos resíduos depositados no aterro, impossibilidade de perfuração do solo e incidência de umidade e chuvas na região do Caximba foram alguns dos desafios enfrentados na concepção do projeto.  

ATRAINDO ATENÇÕES

Vencidas as dificuldades e às vésperas de entrar em operação, a usina solar atrai a atenção de gestores de municípios de todo o Brasil, incluindo Londrina. Recentemente, representantes da Bonö Fotovoltaico estiveram na Prefeitura de Londrina para apresentar o trabalho realizado na capital. “Ficamos muito contentes por ser uma empresa da cidade à frente de um projeto tão interessante. O prefeito (Marcelo Belinati) se interessou muito em implantar uma usina semelhante em Londrina. Iniciamos os estudos para utilizar o antigo aterro do Limoeiro (zona leste), mas ainda estão em fase muito preliminares”, disse o secretário municipal de Gestão Pública, Fábio Cavazotti. Segundo ele, em um prazo de 30 a 60 dias o município deve chegar a uma conclusão sobre a viabilidade econômica e as possíveis fontes de financiamento para o projeto.

“A nossa ideia é subsidiar a prefeitura com informações em relação à expertise no projeto Caximba de forma gratuita para que seja viável e possível (a instalação de uma usina solar em Londrina),” afirmou Abuhamad.

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