Uma empresa de Londrina lidera o consórcio Via Brasil BR 163, para o qual o governo concedeu o trecho de 1.009 quilômetros das rodovias BR-163 e BR-230 entre o Mato Grosso e o Pará em leilão realizado no último dia 8. O trecho hoje é uma das principais rotas de escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste e movimenta cerca de 15 milhões de toneladas de grãos por ano. Além da Conasa Infraestrutura, integram o consórcio as empresas Zetta Infraestrutura e Participações, Construtora Rocha Cavalcante, Engenharia de Materiais e M4 Investimentos e Participações.

"Hoje, 50% da produção do Mato Grosso já está saindo pelos portos utilizando esta rodovia", destaca Mario Marcondes Neto, presidente da Conasa Infraestrutura. "Nos próximos cinco anos, o Estado vai dobrar a produção de grãos, e esse aumento de produção está justamente na área de influência da BR-163", ele continua.

O Via Brasil BR 163 foi o único concorrente do leilão, e ofereceu deságio de 8,09% sobre a tarifa de pedágio máxima, propondo cobrar R$ 7,867 para cada 100 quilômetros. O consórcio opera rodovias estaduais no Mato Grosso e estreia em rodovias federais ao vencer o leilão da BR-163, que tem investimentos previstos em R$ 1,87 bilhão e custos de operação estimados em R$ 1,2 bilhão.

Mesmo sendo uma concessão de prazo mais curto, de apenas 10 anos, o investimento era interessante para a empresa porque o trecho já integra uma área operada pelo consórcio. O edital prevê um prazo de concessão mais curto porque a expectativa é que o fluxo de cargas caia abruptamente com o início das operações da Ferrogrão, ferrovia que fará o mesmo trajeto. Ao fim da concessão, o governo reassumirá a gestão da rodovia. "Já estamos atuando no Mato Grosso. Temos três rodovias estaduais no Estado, sendo que duas delas saem na BR-163, uma delas inclusive dentro do trecho que ganhamos", afirma Marcondes.

Os investimentos estarão focados na construção de vias auxiliares, acostamentos, pistas adicionais e melhoria nas passagens por centros urbanos. O projeto de concessão prevê a instalação de três praças de pedágios em Itaúba (MT), Guarantã do Norte (MT) e Trairão (PA), além de duas paradas para caminhoneiros e execução dos acessos aos portos de Miritituba (PA), Itapacurá (PA) e ao terminal portuário de Santarenzinho (PA).

Com a concessão, a previsão é de faturamento de R$ 600 milhões por ano. "A operação realmente vai fazer com que a Conasa dê um salto em faturamento. É uma grande concessão e um grande desafio que vamos enfrentar, mas ele vai dobrar o tamanho da companhia", ressalta o presidente da Conasa.

A Conasa Infraestrutura foi fundada em 2007, com foco na área de saneamento. Sem projetos de infraestrutura suficientes para disputar naquele ano, a empresa começou a estudar outros tipos de investimentos. "Foi quando decidimos transformar a Conasa em uma empresa de Infraestrutura e partimos primeiro para a área de iluminação pública, quando a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) soltou uma resolução determinando que as distribuidoras de energia devolvessem aos municípios a gestão da iluminação pública", relata Marcondes. "Vimos ali uma oportunidade de crescimento."

A empresa então venceu as duas primeiras PPPs (Parcerias Público-Privadas) de iluminação pública realizadas no País. "Começamos também a estudar a área rodoviária, principalmente por eu ter participado como advogado lá atras das primeiras concessões rodoviárias que surgiram na década de 90", conta o presidente.

Na época, a Conasa percebeu uma deficiência de infraestrutura nas rodovias na área de abrangência do agronegócio. "Então, quando o governo do Mato Grosso soltou em 2018 os primeiros lotes de rodovia que foram leiloados na B3 a gente acabou entrando, participando, e dos três primeiros lotes que eles soltaram, ganhamos dois." Em dezembro de 2020, a empresa conquistou mais um trecho leiloado pelo governo mato-grossense.

O saneamento é a área de maior receita da companhia hoje, mas com a concessão da BR-163, a expectativa é que a rodoviária se torne a maior. A Conasa também pretende participar de leilões estaduais de rodovias como no Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, nas áreas de abrangência do agronegócio.

Com o novo Marco Regulatório do Saneamento, a empresa também quer direcionar os investimentos a este setor. "O setor hoje que demanda o maior volume de investimentos na área de infraestrutura no Brasil é o de saneamento. E o Marco Legal traz algumas exigências bastante agressivas, como o de universalizar o acesso da população a água e esgoto até 2033", explica Marcondes. "Então, com isso, virá a partir de segundo semestre de 2021 um volume muito grande de projetos na área de saneamento, e nós vamos estar focados muito nessa área que foi nossa origem e participar dessas disputas." (com Folhapress)