Com menos imposto no combustível, a Gol anunciou o atendimento a dez novas cidades do interior do Estado  ligando-as a Curitiba a partir do final de outubro
Com menos imposto no combustível, a Gol anunciou o atendimento a dez novas cidades do interior do Estado ligando-as a Curitiba a partir do final de outubro | Foto: iStock

O custo de operação de uma empresa brasileira é 27% maior que de uma empresa estrangeira, diz o presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Eduardo Sanovicz. Ele esteve em Londrina nesta quinta-feira (3) para o Flap Summit: Fórum de Gestão Aeronáutica, promovido pela ATC (Aviation Training Center) e pelo curso de Ciências Aeronáuticas da Unopar. O custo do quilômetro voado no Brasil também é 17% a 18% mais caro que no exterior.

Conforme o presidente da Abear, o Brasil é único país do mundo que tributa o querosene de aviação por imposto regional. Como reflexo, o querosene compõe um terço do preço pago pelo bilhete. A média mundial é de 20% a 22%. “No Brasil, temos querosene 13 pontos mais caro do que a média mundial, porque só no Brasil você tem esse tributo. Esse tributo é responsável por 92% da diferença”, aponta Sanovicz. “A nossa bandeira número um é para que tenhamos as mesmas condições de competição e disputa que nossos congêneres estrangeiros."

A redução do ICMS sobre o querosene de aviação de 18% para 7% no Paraná levou à ampliação da malha aérea no Estado por três companhias aéreas até o momento, que já anunciaram novas rotas ou ampliação da frequência de voos no Estado. A Gol anunciou o atendimento a dez novas cidades do interior do Estado (Arapongas, Campo Mourão, Cianorte, Cornélio Procópio, Francisco Beltrão, Guaíra, Paranavaí, Paranaguá, Telêmaco Borba e União da Vitória), ligando-as a Curitiba a partir do final de outubro; e um voo de Foz do Iguaçu direto para Santiago (Chile), a partir de 14 de dezembro.

A Latam está ampliando 17% de sua malha aérea no Estado com novos voos de Maringá a Guarulhos (15 de dezembro), Curitiba a Santos Dumont e Curitiba a Porto Alegre (15 de novembro) e ampliação das frequências dos voos partindo de Foz do Iguaçu para Brasília (já operando), Guarulhos e Galeão (27 de outubro). A companhia também fez a ampliação de voos de Foz do Iguaçu para Lima (Peru) em 1º de outubro e está em avaliação a oferta de voos de Curitiba para Santiago (Chile), a partir de 2020.

Nesta quinta-feira (3), a Azul também anunciou a ampliação de oferta de voos para Ribeirão Preto a partir de Curitiba a partir de 20 de novembro. “O incentivo fiscal promovido pelo Governo do Paraná e o comportamento dos mercados locais têm sido grandes estímulos para a companhia expandir suas operações no Estado, que é o terceiro mais bem servido pela empresa em número de destinos”, afirmou Marcelo Bento, diretor de Relações Institucionais da companhia, por meio da assessoria de imprensa. Segundo o diretor, desde o início da política de ICMS paranaense, a Azul já levou a aviação comercial para Ponta Grossa, Toledo, Pato Branco e, em breve, espera chegar em Umuarama e Guarapuava.

De acordo com o presidente da Abear, a decisão das companhias aéreas de ampliar a malha estão vinculadas à avaliação do cenário econômico, mas a redução do ICMS no Estado foi fator preponderante. “Estamos vivendo um ano no qual a economia andou de lado, e o principal item de custo nosso que é o querosene de aviação e o leasing, sendo dolarizado, viu esse câmbio subir de R$ 3,80 no início do ano para R$ 4,20 agora. De qualquer forma, a situação da conectividade aérea no Paraná a partir desse ano é radicalmente diferente da que vivemos nesse quinquênio anterior, de 2014 a 2019.”

De acordo com ele, as companhias aéreas hoje têm acordos de ICMS sobre o querosene de aviação em 23 dos 27 estados da União. O último mais relevante foi o firmado com São Paulo que passou a valer a partir de julho, reduzindo a alíquota de 25% para 12%. Nos demais estados, as alíquotas variam de 0 a 12%.

Novas ampliações da malha, agora, dependem de uma resposta positiva da economia e da demanda, disse Sanovicz. “Quando a economia para de crescer, você não tem as pessoas jurídicas investindo. Portanto, as viagens motivadas por negócios e eventos que respondem por dois terços da nossa receita diminuem absurdamente, porque as empresas não estão contratando, ao contrário. E as viagens de lazer onde o próprio passageiro está pagando a sua conta também despenca porque as pessoas começam a ter receio quanto ao seu futuro pessoal, seu trabalho.” O presidente da Abear lembra que em 2016 as companhias aéreas brasileiras perderam 7 milhões de passageiros por causa da crise.

O preço do bilhete deverá fechar o ano 14% maior, afirma Sanovicz. “Há duas razões bastante objetivas para isso. Embora a demanda não cresça, esteja estável, a oferta cai 13% com os 54 aviões que deixam o País com a quebra da Avianca. A na outra mão você tem uma ascensão brutal do custo por conta do câmbio.” Segundo o presidente da Abear, a reposição da frota perdida deverá acontecer até o final de dezembro pelas demais companhias aéreas e os boeings que estavam no chão devido ao acidente na Ásia devem ser liberados para voar novamente entre novembro e janeiro. “Com isso, esse fator oferta vai se dar por resolvido. O que vamos precisar agora é torcer para a economia brasileira se fortalecer e a agenda econômica andar para que o câmbio volte aos níveis nos quais abrimos esse ano. Aí sim você vai ter um reflexo imediato no bolso de todo mundo, que se reflete no preço do bilhete.”