Quem nunca ouviu a expressão “Faz um Pix” que atire a primeira pedra, já que a frase ficou tão popular entre a população que virou meme, figurinha e até tema de festa de aniversário. Fazer e receber um pagamento por essa modalidade de transferência de dinheiro entre contas caiu no gosto do brasileiro porque, de acordo com dados do Banco Central, são mais de 161 milhões de usuários. Em Londrina, o Pix também é visto como uma ótima opção, tanto para lojistas quanto para consumidores, por ser uma forma mais ágil de fazer um pagamento, assim como ajuda a evitar a falta de troco nos caixas.

Segundo o balanço divulgado no dia 16 de novembro pelo Banco Central, em três anos, o Pix contabiliza quase 675 milhões de chaves cadastradas, o que representa, em média, que cada usuário tem quatro chaves, já que são mais de 161 milhões de pessoas utilizando essa forma de pagamento. Em 2022, o Pix foi a forma de pagamento mais utilizada no Brasil, totalizando R$ 1,2 trilhão movimentados, seguida do cartão de crédito e de débito. Além disso, de acordo com o Banco Central, as expectativas são altas para 2024, que deve contar com o Pix Automático, em que o usuário vai poder configurar a realização de pagamentos automaticamente.

Susana Bianchi, 47, trabalha com a venda de cosméticos de forma autônoma e conta que começou a usar o método de pagamento logo quando foi lançado. Segundo ela, além do Pix, ela explica que os clientes têm a opção de pagar por depósito bancário e por cartão de crédito, mas que a grande maioria prefere o Pix, já que não é necessário enfrentar filas em bancos ou lotéricas. “Para mim [o Pix] facilitou muito e para os clientes também”, pontua. Garantindo que nunca sofreu golpe, Bianchi ressalta que costuma pedir para que os clientes enviem o comprovante de pagamento para confirmar a transação, mas que até agora não teve nenhum problema: “só veio para facilitar”.

Responsável por cuidar do caixa de uma loja de roupas no Calçadão de Londrina, Silvia Godoi, 43, afirma que o Pix facilitou muito a questão do troco, já que antes eles tinham que se preocupar em encontrar notas que somem do mercado, como de R$ 2 e R$ 5, e moedas. Apesar disso, ela pontua que a loja já sofreu duas tentativas de golpe através do chamado ‘Pix agendado’, em que o golpista agenda o pagamento para o dia seguinte, mostra o comprovante com o suposto pagamento efetuado e depois faz o cancelamento. Godoi reforça que o golpe só não teve êxito porque eles só liberam a mercadoria após confirmar o recebimento no aplicativo do banco.

Segundo ela, a maioria das pessoas opta pelo Pix, mas ainda há quem pague em dinheiro ou no cartão. Afirmando que, apesar das tentativas de golpe, vê mais vantagens do que desvantagens na forma de pagamento e que o próximo passo vai ser disponibilizar o Qr Code para os clientes, já que assim eles só precisam escanear com a câmera o código para efetuar a compra.

Lucas Alves, 35, é proprietário de uma loja de eletrônicos no centro de Londrina e admite que o Pix é uma facilidade a mais na hora de receber dos clientes, mas notou que, por ser uma opção de pagamento digital, as pessoas migraram mais para as compras online. “Elas esqueceram de vir visitar as lojas [físicas] porque elas têm uma comodidade muito grande de ver o saldo e aí efetuar a compra online, então eu acho que isso diminuiu muito o número de pessoas nas lojas”, explica. Segundo ele, essa é uma percepção que ele teve recentemente, já que após a criação do Pix o comércio passou por uma fase muito boa, mas que agora as pessoas não andam mais com dinheiro físico. “Acho que as pessoas com dinheiro na mão gastavam mais”, opina.

Na sua loja, ele afirma que 90% dos clientes pagam por Pix ou por cartão de débito e crédito. O pagamento em dinheiro costuma ser feito por pessoas mais velhas que não tem tanta intimidade com os aplicativos. Em relação aos golpes, ele disse que sofreu no início, quando o monitoramento não era tão intenso, mas que agora todos os pagamentos são conferidos. “[O Pix] é um sistema muito bom, mas eu acho que não deve substituir o dinheiro mas, sim, ser uma ferramenta [de pagamento] a mais, assim como foi o cartão de débito”, reforça.

Entre muitos clientes, o Pix foi adotado como a principal forma de pagamento no dia a dia, principalmente pela facilidade e rapidez. A funcionária pública Deise Biasi, 42, conta que usa o Pix para pagar tudo, tanto as contas fixas de casa quanto alguma pessoa que ela está devendo dinheiro. Em relação ao dinheiro físico, ela assume que faz tempo que não pega uma nota na mão, já o cartão ela só usa quando vai pagar algo no crédito. Ela admite que às vezes fica com medo de sofrer algum tipo de golpe com o Pix, mas que mesmo assim não pretende deixar de lado. “Eu já me acostumei. Faz tempo que eu não vou à lotérica pagar conta, então acabou aquelas filas do quinto dia útil [do mês] que eu enfrentava muito e agora não preciso mais”, destaca. Além disso, ela percebeu que consegue gastar menos com o Pix, já que ela está sempre olhando o saldo da conta, então percebe quando é hora de parar.

Ao comprar algumas frutas de um vendedor ambulante no Calçadão de Londrina, a autônoma Maria Vitória Caetano Rodrigues, 21, fez o pagamento de R$ 20 no dinheiro, mas ela ressalta que é raro ter dinheiro físico na carteira. Ela conta que é muito fácil e rápido aplicar o aplicativo do banco e fez o pagamento do que ficar esperando o troco, por exemplo.

Apesar de ter conquistado o coração de muitos londrinenses, o Pix ainda não é uma realidade para Lurdes Ferreira, 40. Ela conta que prefere pagar em dinheiro ou no cartão e que não sente falta do Pix no dia a dia, mas admite que em breve vai ter que fazer o cadastro, já que pretende fazer bolos caseiros para vender e que muitos clientes vão querer fazer o pagamento pelo Pix.