A relação da dívida líquida do setor público com o Produto Interno Bruto (PIB) bateu, em julho, em 52,5% o porcentual mais alto desde o Plano Real. Até o final do ano, segundo o chefe do departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, a relação dívida/PIB deverá ultrapassar a 54% para só então ser estabilizada. Em números absolutos, a dívida saiu de R$ 619,441 bilhões em junho para R$ 641,292 bilhões em julho.
Embora em ritmo crescente, o chefe do Depec não vê motivos de maiores preocupações. Ele argumentou que o que tem que ser observado na dívida é a sua velocidade de crescimento. ''Todos os cenários apontam para uma queda acentuada da relação dívida/PIB no médio prazo'', assegurou. Além disso, de acordo com Lopes, o crescimento da dívida não vem sendo provocado por um descontrole dos gastos do governo. A dívida vem crescendo por incorporação de ''esqueletos'', ou seja, débitos que já existiam no passado, mas não estavam incorporadas e também pela situação atual de desvalorização cambial.
Só no mês de julho, por exemplo, a desvalorização cambial atingiu 5,49% contra uma valorização cambial no mês anterior de 2,34%. No mês de agosto até o dia 27, a desvalorização cambial já tinha atingido 5,23%. Além do peso do câmbio, tem que ser computado a variação de juros, que também tem um impacto significativo sobre o estoque da dívida. No novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi fixada a meta indicativa para a dívida líquida do setor público para os meses de setembro e dezembro. Em setembro, a dívida líquida deverá estar em R$ 680 bilhões e em dezembro em R$ 700 bilhões. Só com relação à dívida mobiliária, ou seja, a dívida em títulos do governo, o crescimento de junho para julho foi de 5,2%, com a dívida mobiliária federal passando de R$ 578,692 bilhões em junho para R$ 608,982 bilhões em julho. (AE)