O setor de serviços do Paraná se recuperou da crise bem antes que o dos outros Estados. É o que mostra a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Apesar de um pequeno recuo de 0,5% em janeiro, o setor apresenta expansão de 4,9% em 12 meses (até janeiro). Além do Paraná, somente Mato Grosso exibe crescimento nesta comparação (17,5%).
Nas outras 25 unidades da Federação, os serviços ainda não saíram do vermelho em 12 meses. A retração menor é registrada no Amazonas e São Paulo (-0,3%). E as maiores são no Distrito Federal (-10,7%) e Amapá (-12,8%).
Os dois outros estados do Sul ainda estão longe de apresentar estabilidade no setor de serviço na comparação com os 12 meses anteriores. O Rio Grande do Sul apresenta retração de 3% e Santa Catarina, de 4,7%. Na média nacional, há queda de 2,7%.
Os Serviços Prestados às Famílias (serviços de alojamento, alimentação e outros) e de Transportes, Serviços Auxiliares aos Transportes e Correio puxaram o índice do Paraná para cima, com crescimento de 18,4% e 15,4%, respectivamente. A atividade de Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares teve um crescimento menor, de 3,6%. Já os Serviços de Informação e Comunicação e Outros Serviços apresentaram queda, de 6,5% e 13,4%.
Daniel Nojima, diretor do Centro de Estatísticas do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), ressalta que o setor de Serviços tem grande representatividade no PIB (Produto Interno Bruto) paranaense (65%), o que coloca o Estado em posição de vantagem. Além disso, na sua opinião, o Paraná consegue "sair da crise um pouco mais rápido que o País" devido às suas melhores condições no mercado de trabalho e de massa salarial.
O crescimento no setor de Serviços Prestados às Famílias pode ser justificada pela crise no Estado, que não foi tão acentuada, diz o diretor do Ipardes. "O nosso tombo não foi tão grande e a recuperação, mesmo que a passos mais graduais, foi melhor por causa do mercado de trabalho. As famílias estão resolvendo o seu endividamento e conta muito o fato de o interior ter ido bem na agropecuária."
O setor de transporte, por sua vez, teve um bom desempenho devido ao aumento da produção industrial e agropecuária, acrescenta Nojima. "O transporte, em parte, tem a ver com a recuperação econômica do Estado. Dois setores que propiciam isso são a agropecuária, que teve melhora no ano passado e tem muita produção para escoar, e a indústria, que também tem mais produção para escoar", conta.
Ele ressalta, no entanto, que os serviços no Paraná ainda estão 8,1% abaixo do ponto mais alto da série registrado em março de 2014.

Imagem ilustrativa da imagem Em baixa em quase todo o País, serviços crescem no PR



AUMENTO CONSTANTE
Rodrigo Lobo, gerente da PMS, diz que os serviços cresceram todos os meses no Paraná de maio a dezembro de 2017. Segundo ele, o conjunto de serviços investigados em todo o País é diferente do conjunto investigado no Paraná devido a questões de disponibilidade de dados. É natural, portanto, que a variação seja diferente. "Não só pela quantidade de serviços investigados, mas também porque o universo investigado é menor. No Brasil, são considerados 166 tipos de serviços, contra 125 no Estado.
O peso de cada atividade no Estado também influencia sobre os resultados. Os Serviços Prestados às Famílias têm peso de 8,2% (contra 9,5% no Brasil), Serviços de Informação e Comunicação 28,8% (contra 33,5% no Brasil), Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares 18,8% (contra 21,2% no Brasil), Transportes, Serviços Auxiliares aos Transportes e Correio 39,6% (contra 29,4% no Brasil) e Outros 4,9% (contra 6,5% no Brasil).
"O setor de transporte rodoviário têm peso significativo no Paraná, mas não foi suficiente para trazer o resultado do volume de serviços para o terreno positivo (em janeiro contra janeiro de 2017)." A queda de 0,5% na comparação com o mesmo mês de 2017 é explicada pelo recuo dos Serviços de Informação e Comunicação (-9,8%) e de Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares (-6,7%), pontua Lobo.

ALIMENTAÇÃO
Após um 2015 ruim, o setor de alimentação fora do lar voltou a crescer, com alta de 7,22% em 2016 e de 3,83% em 2017 em todo o País. Na visão do diretor da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Luciano Bartolomeu, o setor, em geral, está sempre em crescimento, devido à conveniência de se comer fora, principalmente no horário do almoço, em meio ao expediente de trabalho. Para Bartolomeu, as pessoas estão enxergando que o custo de comer perto do trabalho é menor que o custo de se comer em casa, ao considerarem fatores como combustível e tempo de deslocamento e de preparo das refeições. "Estamos esperando que 2018 seja ainda melhor, com crescimento de quase 5%."