“A empresa começou como um hobby, no qual eu vi uma oportunidade de ganhar uma renda extra.” Dessa forma o guarda municipal de Londrina João Mário Lucinger descreve o início do negócio que criou em fevereiro de 2021. A “Pão do Jaum” é uma padaria caseira que produz pães artesanais por meio da fermentação natural. “Na pandemia, as pessoas foram obrigadas a se manter mais dentro de suas casas. Assim, as comidas entregues via delivery são uma boa saída para quem busca por alimentos”, relata.

Antes de se iniciar um empreendimento, é preciso estudar o gosto da clientela e a concorrência
Antes de se iniciar um empreendimento, é preciso estudar o gosto da clientela e a concorrência | Foto: iStock

O guarda municipal conta como surgiu o interesse pelos pães artesanais de fermentação natural. “Começou em meados de junho de 2020 em uma busca pessoal sobre pães e massas mais saudáveis e buscando o resgate do método de panificação de como era antigamente”, conta. “Com a produção dos pães vi uma oportunidade de negócio pela baixa quantidade de locais onde buscar por este produto”, relata. Atualmente, Lucinger tem uma página no Instagram na qual anuncia seus produtos, além de fazer parcerias com uma empresa de doces artesanais, a “João e Maria”.

A percepção de Lucinger de oferecer um produto que não é comumente encontrado em outras empresas locais é corroborada pelas indicações do professor de Economia na Unopar (Universidade Norte do Paraná, Kroton Educacional) e consultor da Norte Econômico Consultoria, Renan Luquini, que é também professor na Especialização em Economia Empresarial da UEL (Universidade Estadual de Londrina). “Estudar e analisar o mercado para entender o que está faltando é essencial para começar uma empresa”, recomenda o professor. “Observe se sua ideia atenderá a uma necessidade, se existe uma demanda reprimida que seu negócio pode sanar, ou se sua empresa será mais uma entre tantas iguais”, indica.

MODALIDADES DE EMPRESAS

“O investimento foi feito com patrimônio próprio, e não encontrei formas simplificadas de auxílio financeiro como MEI (Microempreendedor Individual)”, revela Lucinger. Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) publicados em maio de 2021, entretanto, demonstram que no primeiro ano da pandemia de Covid-19 mais de 346 mil novas empresas dessa modalidade foram criadas apenas no setor dos serviços de alimentação, o que representa 26% a mais que no ano anterior. Luquini explica quais são alguns dos principais tipos de empresa.

“O MEI é uma modalidade de empresa que foi criada para incentivar pequenos empreendedores a formalizarem seus negócios, garantindo uma série de direitos e benefícios”, informa o professor. “Já o EI (Empresário Individual) é um dono de negócio que, como o nome indica, é o único proprietário do empreendimento, não tendo sócios”, diz.

“Além desses, existem o Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), que conta com um único empreendedor responsável pela empresa, sem a presença de sócios; a SLU (Sociedade Limitada Unipessoal), que é voltada para negócios com um único proprietário, sem a atuação de sócios, garantindo a separação entre os bens pessoais e os da empresa. Já a Ltda. (Sociedade Limitada) é destinada para empresas com dois ou mais sócios, sendo que a sua responsabilidade financeira é limitada ao capital social do negócio.”

O professor explica que existem também a SS (Sociedade Simples) e a S/A (Sociedade Anônima). “A SS é um tipo de empresa para dois ou mais sócios, destinada à prestação de serviços de profissões intelectuais, como médicos, arquitetos, advogados e engenheiros. Já no modelo S/A, o empreendimento tem seu capital social dividido em ações, podendo ser de capital aberto, quando as ações podem ser vendidas para o público geral em bolsas de valores, ou de capital fechado, quando as ações são disponibilizadas somente para sócios e pessoas convidadas”, detalha.

Como escolher o tipo ideal de empresa e começar um empreendimento

O economista Renan Luquini indica que, na hora de selecionar qual modalidade de empresa é a melhor para o negócio que se pretende começar, é importante considerar os critérios de cada tipo. “A presença de sócio, o faturamento, a atividade exercida e o número de funcionários devem ser levados em conta para escolher a modalidade mais adequada”, sugere. “Vale ressaltar que, com o crescimento do seu empreendimento, é possível mudar o tipo de empresa após o registro do Contrato Social. Essa atualização, inclusive, é muito importante para manter o seu negócio em dia com a legislação”, explica.

Luquini explica também de que maneira é possível conseguir crédito para iniciar uma empresa. “Diversos agentes financeiros, públicos ou privados, cooperativas de crédito, entre outras organizações, fornecem empréstimos aos futuros empresários”, afirma. “Os recursos podem ser obtidos mediante a apresentação de documentos da empresa e do empresário, bem como um plano de negócio estruturado de acordo com o tipo de empréstimo ou financiamento desejado”, indica.

O guarda municipal João Mário Lucinger também dá dicas para quem pensa em começar um empreendimento pela primeira vez. “Eu diria que é importante que as pessoas estudem e planejem bem o mercado e o produto que desejam oferecer. Procure proporcionar também facilidade na aquisição e disponibilização do produto”, recomenda o criador da Pão do Jaum. “Além disso, não inicie a atividade sem uma segurança financeira, pois isso pode vir a se tornar uma dívida que vai atrapalhar o andamento da empresa”, alerta.

Lucinger ressalta também a importância de saber como está sendo a recepção dos clientes, para poder aperfeiçoar os produtos. “É feita pesquisa com os próprios clientes que já tenho. Distribuo amostras e coleto informações, assim como sugestões, as quais levo em consideração para definir novos produtos e sabores”, relata.

Renan Luquini também recomenda esse estudo dos gostos dos clientes, e acrescenta que é importante também observar a concorrência. “Aprender com os erros dos outros é mais vantajoso do que aprender com os seus próprios erros, e deve-se saber observar e tirar proveito disso”, aconselha. O economista sugere, além disso, que se busque um conhecimento mínimo de finanças. “Não se pode misturar os gastos de pessoa física com de pessoa jurídica. O correto é separar um pró-labore, que é o valor retirado pelos sócios, fixo. Desse modo, haverá uma organização para não tirar dinheiro extra dos lucros da empresa”, pontua.

O professor ressalta que, para quem pensa em começar um negócio, o planejamento e pesquisa prévios são indispensáveis. “É importante você colocar os números no papel e depois cortar pela metade as vendas e dobrar os custos. Dessa forma, terá um ponto de partida. Além disso, deve controlar os indicadores de resultado e manter o fluxo de caixa organizado”, conclui.

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