A mudança recente no calendário de semeadura da soja no Paraná, por meio da Portaria 840, tem gerado preocupação e reivindicações por parte da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e produtores locais. Enquanto o Ministério da Agricultura destaca o aumento dos casos de ferrugem asiática da soja na safra anterior como justificativa para a mudança, é preciso considerar também os impactos econômicos e logísticos que essa redução pode acarretar aos agricultores e à produção agrícola regional.

Um dos principais argumentos levantados pela Faep é a falta de tempo hábil para que os produtores possam ajustar seus planejamentos de plantio, considerando que a safra está prestes a começar. Com a janela de semeadura reduzida de 140 para apenas 100 dias, muitos agricultores enfrentarão dificuldades para encaixar as culturas de feijão e soja no verão, o que pode afetar negativamente a produtividade e a lucratividade de suas atividades.

A técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Ana Paula Kowalski, destaca a necessidade de uma avaliação mais criteriosa antes de tomar medidas tão drásticas como essa. Caso seja necessário reduzir o número de dias para a semeadura da soja, é fundamental que isso seja feito de forma gradativa e embasada em argumentos técnico-científicos. Além disso, a discussão e implementação de mudanças devem ocorrer com antecedência, evitando surpresas e prejuízos econômicos aos agricultores.

No entanto, compreende-se a preocupação do Ministério da Agricultura em relação à ferrugem asiática da soja, uma doença que causa danos significativos à cultura e pode levar a perdas expressivas na produção. O levantamento do Consórcio Antiferrugem, que apontou um aumento nos relatos da doença na safra anterior, deve ser considerado para a tomada de decisão.

Diante desse cenário, é de suma importância haver um equilíbrio entre a proteção das lavouras contra doenças e pragas e o suporte aos produtores locais. A parceria entre órgãos governamentais e entidades representativas do setor agrícola, como a Faep, é fundamental para encontrar soluções que garantam o desenvolvimento sustentável da agricultura no Paraná.

Um amplo debate sobre o assunto é sempre bem-vindo, considerando os diversos aspectos envolvidos, como o impacto econômico, as condições climáticas regionais e as medidas de prevenção contra doenças nas lavouras. Assim será possível alcançar um consenso que beneficie tanto os produtores quanto a produção agrícola do estado, garantindo um ambiente propício para o crescimento do setor e o abastecimento de alimentos à população.

A FOLHA deseja aos leitores um excelente fim de semana