A não realização da ExpoLondrina representa prejuízo para vários segmentos comerciais do município que têm nessa época uma oportunidade de alavancar os negócios. Desde as lojas de calçados e vestuário até as concessionárias de veículos e maquinários agrícolas, todos sentiram o impacto negativo. No ano passado, a feira foi cancelada em cima da hora por causa da pandemia e neste ano, a data foi transferida para agosto, mas se acontecer, deve ser em um formato mais enxuto, como exige a crise sanitária que o país atravessa. Sem o evento, também diminuem as oportunidades de emprego já que a feira sempre gerou milhares de vagas de trabalho.

Imagem ilustrativa da imagem Economia local sente efeitos do segundo abril sem ExpoLondrina
| Foto: Gustavo Carneiro

Para as revendedoras de tratores e máquinas agrícolas, a ExpoLondrina funciona como uma vitrine dos produtos. Nas últimas feiras, o gerente de vendas da DHL Tratores, Adauto Rocha, contabilizou entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões em negócios fechados a cada edição. “Estamos desde 2012 na feira e em todo evento temos um resultado excelente.”

A concessionária atende 98 municípios no Norte do Paraná e para cada município, há um vendedor no campo, em contato direto com o produtor rural. A grande vantagem de participar da ExpoLondrina, apontou Rocha, é atrair os potenciais clientes e apresentar a eles os modelos disponíveis, o que influencia muito na decisão de compra.

Hoje, se o evento acontecesse, Rocha estima que haveria oportunidade de atingir entre R$ 9 milhões e R$ 12 milhões em vendas. O aumento no faturamento seria consequência da alta nos preços dos produtos, que acompanharam a valorização da produção agrícola, especialmente da soja e do milho. Mas o gerente reconhece que teria dificuldade de reunir exemplares dos modelos comercializados pela revendedora para expor no estande instalado no parque. Com a demanda crescente, não há pronta entrega porque as fábricas não estão dando conta de atender a todos os pedidos. “Na feira sempre temos bons resultados, mas o agronegócio, mesmo com a pandemia, não parou. Os preços dos grãos dispararam e os agricultores começaram a investir. A fábrica não esperava essa mudança. Faltou matéria-prima e não temos estoque.”

ESTILO COUNTRY

Não são apenas negócios milionários que deixam de ser fechados com a suspensão da feira agropecuária. Para os pequenos varejistas, a falta do evento também é sinônimo de prejuízo. Proprietário da Selaria São José, no centro de Londrina, Antônio Francisco ainda tem em seu estoque os produtos que comprou para serem vendidos no período de realização da ExpoLondrina de 2020. “Estamos até sem lugar para guardar mercadoria porque repusemos o estoque no ano passado, mas não vendemos. Foi prejuízo porque pagamos as duplicatas, mas o dinheiro não entrou”, comentou.

Na época da exposição, Francisco chega a vender entre R$ 7 mil e R$ 8 mil por dia em botas, chapéus e outros itens bastante procurados pelo público que se identifica com o estilo country. Sem o evento, as vendas no período ficam 80% menores, calcula ele.

O comerciante se recorda de 2017. Até hoje, aquele foi o melhor ano em vendas realizadas para os visitantes da ExpoLondrina. Em dez dias, foram 2,5 mil chapéus vendidos. “Agora, sem exposição, fica difícil. Não tem a feira, não tem cavalgada, as vendas do ramo da gente caem muito. Eu espero que tenha em agosto porque aí, a mercadoria acaba saindo.”

EMPREGOS

A presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Marcia Manfrin, destacou as perdas para o mercado de trabalho. Segundo ela, a ExpoLondrina gera cerca de sete mil empregos diretos, além de movimentar os shopping centers e o comércio como um todo. “Não temos um levantamento sobre a movimentação financeira gerada pela ExpoLondrina. Entendemos o prejuízo para a cidade em detrimento da ausência de uma feira de tamanha importância no cenário do agro nacional.”

Em 2019, a ExpoLondrina movimentou mais de R$ 615 milhões. Parte desse recurso que entra na cidade envolve vários fornecedores da cadeia do turismo, ressaltou a presidente do Londrina Convention & Visitors Bureau, Daiana Bisognin Lopes. Os setores de gastronomia, com bares e restaurantes, hotelaria, empresas montadoras de estandes, de audiovisual, credenciamento e recepcionistas são apenas alguns exemplos de todos os profissionais que a feira agropecuária demanda para ser realizada. São 150 eventos paralelos que acontecem dentro do parque de exposições.

"Para a gente, o impacto é muito grande na questão técnica dos eventos do agronegócio. São eventos que deixaram de acontecer e as informações não chegaram para as pessoas. O Fórum do Agronegócio reúne 500 lideranças do setor, é uma referência e sempre trouxe gente de fora super importante”, disse Lopes, que cita ainda os prejuízos para o turismo rural sem a realização da Expo no Campo. “Para a divulgação da cidade, a feira é muito importante e deixa evidente para o Brasil todo a força do agronegócio em Londrina.”

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| Foto: Gustavo Carneiro

SRP mantém calendário, mas há dúvidas se feira poderá acontecer

Mesmo sob as incertezas em relação à pandemia, o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Antônio Sampaio, informou que por enquanto está mantida para agosto a realização da 60ª edição da ExpoLondrina, embora tenha dúvidas de que o cenário será favorável. No ano passado, o evento marcado para o período de 9 a 19 de abril acabou cancelado em razão da necessidade de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus. Inicialmente, a data foi transferida para abril deste ano, mas em novembro, acabou remarcada para 6 a 15 de agosto de 2021.

Sampaio, no entanto, disse que a decisão caberá às autoridades de saúde pública. “A gente acha que dificilmente será possível fazer a feira. É uma situação absolutamente insegura para todos. Mas a bola está com as autoridades de saúde. A gente vai acatar o que for a orientação.”

Os parceiros na organização e realização da ExpoLondrina estão em contato permanente com a SRP, disse o presidente da entidade. “Os nossos parceiros vêm conversando, nos cobram. O dono do parquinho de diversão falou comigo nesta semana. Os outros participantes virão, se houver, mas é uma situação complicada.”

Sampaio reconheceu que mesmo que seja possível a realização do evento em agosto, não teria como acontecer uma feira do mesmo porte a que o público está habituado. “Poderíamos fazer uma coisa mais acanhada, com limitação de público. Mas não cabe a nós decidir.”

O presidente da SRP não falou nos prejuízos decorrentes do cancelamento do evento no ano passado e, sem citar valores, disse que o mais preocupante são os rendimentos que deixaram de entrar no caixa da entidade.