Trocar, comprar, compartilhar, as redes sociais tornaram-se ótimas ferramentas na economia colaborativa e, quando se trata de material escolar, já é costume pais e responsáveis criarem grupos entre si para barganhar seus itens. Com planejamento e análise das finanças, o método é aprovado por especialista, que dá outras dicas que ajudam a reduzir o impacto dos gastos com o início das aulas.

“A economia colaborativa pode acontecer em outras situações de finanças pessoais, mas depende da solidariedade das pessoas. Geralmente, o povo londrinense recebe muito bem isso e é solidário, isso é importante, porque facilita o processo”, analisa o consultor de finanças pessoais e empresariais, Charles Vezozzo. Na cidade, grupos espontâneos entre pais de alunos de escolas públicas e particulares surgem para debater assuntos em comum, mas nesse período do ano, passam a divulgar itens para compra, venda e troca.

No Facebook, um grupo privado de pais de alunos da mesma escola comentam e compartilham posts de diversos assuntos. Foi lá que Leonice Garcia, 50, divulgou os uniformes que a filha Bárbara, 10, não iria usar mais. “Nós trocamos minha filha de escola e não vai mais precisar. O uniforme completo (com 12 peças) sai em torno de R$ 600 e eu estava vendendo por R$ 100”, explica a arquiteta. O dinheiro arrecadado seria utilizado na compra dos novos uniformes, mas Garcia acabou doando os itens para outra família.

“São três pontos na economia colaborativa: um é ajudar a comprar para uma família mais carente, outro é ceder livros avançados para alunos dos anos anteriores e também comprar em conjunto para exigir mais desconto”, ensina o consultor. O grupo em que Garcia participa considera essas situações, mas não surgiu com esse fim. “É mais para resolver problemas de tarefas, tirar dúvidas, falar sobre reuniões, viagens e passeios, nasceu com esse intuito, com o decorrer do tempo surgiu isso de repassar os itens”, afirma.

De forma automática, os pais passaram a oferecer livros, cadernos e uniformes. “Um livro fica em torno de R$ 80 a R$ 150, no grupo você consegue comprar por R$ 30 ou R$ 50”, comenta a arquiteta. Para ela, essa é uma alternativa de economia que dá certo para quem está com as contas apertadas. “Esse é um período de muito gasto, só com material, uniforme, entre outros, o custo pode chegar a R$ 1 mil, isso sem considerar a mensalidade, então no que pudermos economizar é válido”, responde.

Agora que a filha vai para outro colégio, espera poder contar com a mesma união de pais e responsáveis para a transferência de informações e materiais, mas caso ainda não seja um método adotado, ela mesma pretende implantar. “Eu estive pensando, no primeiro de aula todos os pais vão, se não tiver grupo, eu mesma vou criar um”, ri.

Muita pesquisa para não pesar no bolso

A arquiteta Leonice Garcia, 50, analisou todas as possibilidades no orçamento da família e decidiu trocar a filha de escola. Tudo com muita pesquisa e análise para não interferir na educação da filha. Com a mudança e outras estratégias, pretende reduzir os custos em 53%.

“Tem colégio que é tudo personalizado, exigem blusa de frio, mochila, jaqueta, até estojo. Além da mensalidade, que é muito diferente de uma escola para outra, então tem que pesquisar bem”, afirma. Garcia disse que viu uma diferença de até R$ 1 mil na mensalidade entre instituições.

Diversos aspectos foram considerados na escolha da escola, como ensino, metodologia e carga horária, mas para analisar as contas, ela também inclui outros pontos. “A distância da sua casa, trânsito, horário, combustível, material exigido, parece que não, mas pesa”, afirma.

Nos materiais, além de participar de grupos de economia colaborativa, trocando, vendendo e comprando de outros pais, ela também analisa os materiais que a filha já possui de anos anteriores. “Eu dou uma geral antes de comprar, vejo que tem lápis preto, apontador, tesoura que dá para usar. Quando a lista nova chega, eu vou riscando tudo que já tem do ano passado”, afirma.

Alguns materiais exigem a compra, mas não imediata, por isso ela planeja para adquirir itens novos no meio do ano. Outros, quando muito precários, ela faz doações para outras escolas ou igrejas.

Adotando diversas estratégias, pretende reduzir pela metade os gastos com escola. “Conseguimos desconto de 60% no valor da matrícula, além de ser um colégio muito bom, porque eu pesquisei bastante. A gente fez as contas e vai dar para economizar de uma pela outra 53% no gasto mensal”, comenta.

Planejamento que é fundamental para o equilíbrio das contas, de acordo com orientações do consultor Charles Vezozzo. “Planeje sempre, tenha escrito no papel mensalmente, pois só assim se consegue uma vida financeira mais equilibrada”, aponta. “Escreva no papel. Se você não tem visualização clara da real situação financeira, dificilmente vai conseguir gerenciar bem”, acrescenta.

Imagem ilustrativa da imagem Economia colaborativa e planejamento diminuem gastos com material escolar

10 dicas para economizar com material escolar

O consultor de finanças pessoais e empresariais, Charles Vezozzo, dá dicas de como economizar na hora de comprar material escolar.

1 – Pesquise preços

Apesar de parecer óbvio, o consultor explica que muita gente não faz. Ele pede para considerar lojas físicas e virtuais. “Tem muita ferramenta e muita possibilidade para pesquisa hoje em dia e no final tem muita diferença”, afirma.

2 – Reutilize

Antes de sair com a lista em mãos, é preciso avaliar o que dá para ser usado novamente. “Cadernos, canetas, borrachas, material de artes, que às vezes nem foram utilizados ou estão em boas condições e podem servir para o próximo ano”, indica.

3 – Compre em conjunto

Quanto maior a quantidade de material, maior o poder de barganha. Nesse aspecto, o consultor sugere que um grupo de pais compre junto para conseguir mais descontos no preço final.

4 – Procure atacadistas

“Como eles trabalham com quantidade, a tendência é que o preço seja menor”, ensina o consultor, mas pede para que avalie antes da compra para não cair em armadilhas.

5 – Não leve as crianças

Como os adultos, as crianças estão suscetíveis às propagandas e marketing e podem desejar itens que encarecerão a lista. “É como no supermercado, você precisa de liberdade para trabalhar com preço”, afirma.

6 – Evite marcas e personagens

Uma mochila de marca famosa pode ter o preço mais alto que outra menos conhecida. Da mesma forma, itens com personagens tendem a ser mais caros que os neutros. “São para aqueles momentos de dificuldade financeira em que as pessoas precisam economizar e otimizar a lista”, explica.

7 – Dilua a compra

O consultor sugere avaliar com a escola quais itens são de emergência e quais podem ser comprados mais à frente. Isso serve para diluir a compra para não pesar tudo em apenas um mês. “A escola também pode se adiantar e entregar a lista do próximo ano mais cedo, assim os pais podem se planejar durante o ano para comprar com mais tempo os novos itens”, defende.

8 – Evitar excessos

“Cuidado com itens incomuns e excessos, não por parte da escola, mas pontos que podem ser negociados, sobretudo, em material de artes. Ou até a própria criança pode querer determinada lapiseira, mas pode ser outra”, aponta.

9 – Compre usado

Lojas de materiais usados, como sebos (físicos ou virtuais), podem ser alternativa para encontrar produtos mais baratos que os novos. “Não pode ter preconceito, em sebos existem livros de ótima qualidade”, defende.

10 – Estimule a troca

Incentive a troca de materiais na escola por meio de feiras, caso a instituição não consiga organizar, os próprios pais podem coordenar uma feira entre eles para que durante o ano os filhos alcancem a diversidade de material sem precisar colocar a mão no bolso.