O dólar teve novo dia de alta e seguiu no maior patamar desde 13 de setembro do ano passado, quando chegou a R$ 4,1999. Em dia marcado por prudência dos investidores por conta do feriado prolongado de Proclamação da República, mas com mercados no exterior funcionando na sexta-feira, 15, a moeda norte-americana subiu mais 0,18% e terminou o dia em R$ 4,1932.

No mercado futuro, o dólar fechou em R$ 4,20. Na semana, a divisa acumulou valorização de 0,64% e no mês já avança 4,6%.

Profissionais de câmbio ressaltam que investidores preferiram se proteger nesta quinta-feira, 14, comprando dólares, pois o mercado ficará fechado nos próximos dias, com possibilidades de novidades nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos, protestos no Chile e Hong Kong e ainda eventuais declarações do presidente norte-americano, Donald Trump.

"O mercado vai ficar três dias fechado com o temor de eventos Chile, Bolívia, China", ressalta o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen.

A quinta-feira marcou a terceira alta seguida do dólar e, nos dez primeiros pregões de novembro, a moeda caiu em apenas dois. Por isso, se não houver surpresas negativas nos próximos dias, há chance de realização na segunda-feira.

Nesta quinta, o dólar seguiu em alta no Chile, mesmo com o início de um programa de intervenção do banco central chileno, de US$ 4 bilhões, por meio de ofertas de swaps.

O gestor da RB Investimentos, Daniel Linger, ressalta que uma combinação de fatores contribui para os investidores reforçarem a busca por hedge (proteção) no mercado brasileiro, pressionando o câmbio. Entre estes fatores, a piora do mercado chileno e, no ambiente doméstico, o cenário político mais incerto após a saída do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva da prisão e a decisão de Jair Bolsonaro de deixar o PSL.

Para os estrategistas do banco suíço UBS, o maior perdedor do ambiente de juros historicamente baixos no Brasil é o real. As taxas baixas barateiam operações de hedge para o investidor brasileiro e externo e ainda reduzem a atratividade de operações de "carry trade" - tomar crédito em país de juro baixo e aplicar em outro com juro alto.

Ultimamente, o México vinha sendo o preferido na América Latina para estas operações, mas com os juros em queda lá, também está ficando menos interessante. Nesta quinta, o banco central mexicano cortou novamente as taxas. O banco projeta o dólar terminando o ano em R$ 4,00 e, ao final do ano que vem, em R$ 3,95.