O dólar registrou nesta sexta o terceiro dia consecutivo de alta, com valorização firme sobre o real. Na esteira de um mau humor que já caminhava desde a quarta-feira, a moeda brasileira foi pressionada por uma cautela do mercado na expectativa - concretizada no fim da tarde - de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre prisão após condenação em segunda instância. Depois da notícia, a moeda andou R$ 0,02 e chegou a tocar os R$ 4,1691 (+1,86%) na máxima do dia, seguindo piora de todos os ativos domésticos. No fim do pregão, a divisa terminou cotada em R$ 4,1666 uma alta de 1,80%. Com isso, a moeda americana escalou 4,30% na semana até o fechamento desta sexta-feira, andou R$ 0,17.

Boa parte do movimento semanal foi explicado por um reequilíbrio de posições após o leilão do excedente da cessão onerosa. O mercado vinha segurando o avanço do dólar em relação ao real diante da expectativa de intenso fluxo estrangeiro interessado nos poços de petróleo. O fluxo, contudo, não se concretizou e o leilão não só vendeu apenas dois dos quatro campos, como a maior arrematadora foi a Petrobrás.

A frustração dos investidores foi sendo alimentada durante a semana por outros fatores considerados negativos pelo mercado. Na quinta, a 6ª rodada de partilha de campos no pré-sal também teve baixo apetite. Nesta sexta, o mau humor aumentou com a expectativa pós decisão do STF de rever a prisão após condenação em segunda instância, o que abriu caminho para que Lula deixasse a prisão no fim desta tarde. Ele deve responder em liberdade até que seu processo transite em todas as instâncias. Com isso, há uma visão de que pode haver piora na polarização do país e, em Brasília, afetar o andamento da pauta econômica.

"A semana foi para o câmbio voltar em relação ao que tinha devolvido. A moeda refletiu dois eventos: de um lado, o leilão, que começou tudo, e depois a liberação do Lula. O mercado deu uma azedada, não teve nenhuma notícia que ajudasse o real (na semana)", disse o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira. Para ele, se o câmbio seguir nessa trajetória na semana que vem, o Banco Central pode intervir, sobretudo quando acrescido o fator sazonal de aumento de procura por dólar.

Lá fora, também não ajudam as moedas emergentes notícias que agregam incertezas ao acordo comercial entre Estados Unidos e China. À exceção de México e Argentina - ambos próximos da estabilidade e com viés de queda no fim da tarde -, o dólar se mantinha em alta frente a outros emergentes. Em relação a uma cesta de moedas fortes, medidas pelo índice DXY, a alta era de 0,22%.

O dólar futuro para dezembro subiu 1,58%, para R$ 4,1685, com volume de cerca de US$ 20 bilhões. O giro do dólar à vista foi de US$ 630 milhões.