Distribuidoras de energia perdem clientes
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 01 de fevereiro de 2005
Alaor Barbosa <br>Agência Estado
Rio de Janeiro - As distribuidoras de energia elétrica estão perdendo cada vez mais clientes do setor industrial, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Muitos desses clientes estão se transformando em ''consumidores livres'', sem vínculo com as grandes concessionárias, já que com isso conseguem redução de custos entre 20% e 30% num dos principais custos industriais para muitas empresas. O processo é visível nas distribuidoras que atuam em regiões fortemente industrializadas, como o interior de São Paulo. A CPFL, que atua na região de Campinas, por exemplo, registrou queda no consumo do setor industrial em torno de 7,3% nos dez primeiros meses de 2004 em relação a igual período de 2003.
O mesmo comportamento foi registrado por outras distribuidoras com perfil semelhante, como a Elektro, a Bandeirantes e a Piratininga, que também suprem o interior de São Paulo. No caso da Elektro, a queda foi de 14,48% no período de 10 meses, enquanto a Bandeirantes perdeu 15,38% no mesmo período e a Piratininga, empresa do grupo CPFL que atua na baixada Santista, perdeu 9,54%.
Também a Cemig segunda maior distribuidora do País e que comercializa cerca de 56% de sua energia para a indústria, foi fortemente atingida, perdendo 8,25% no total acumulado em 10 meses para os clientes industriais.
O impacto sobre as distribuidoras tem sido menor devido ao crescimento do consumo por parte dos consumidores residenciais. Segundo a Aneel, o aumento no consumo nas residências, porém, não é generalizado em todo o País e viu o seu mercado crescer 4,81% nos 10 primeiros meses de 2004 em relação a igual período de 2003, a Light registrou queda de 1,08% nesse tipo de consumo no mesmo período. No caso da Cemig, que atende o estado de Minas Gerais, o total consumido pelas residências até outubro foi praticamente igual ao registrado nos dez primeiros meses de 2003, com variação de apenas 0,01%.
No Paraná, a Copel registrou queda de 0,74% no segmento residencial e de 8,31% na área industrial. No Rio Grande do Sul, a CEEE registrou queda de 0,47% no consumo residencial nos dez primeiros meses de 2004, além de recuo de 1,77% no setor industrial, enquanto a AES-Sul conseguiu ampliar as suas vendas em 2,35% para o segmento residencial e em 1,94% para a área industrial. A RGE, que também atua em território gaúcho e que pertence ao grupo CPFL, teve crescimento modesto na área residencial (0,85%), mas teve forte incremento nas vendas para o setor industrial no período, com aumento de 7,45%.
No interior de São Paulo, a distribuidora que registrou maior expansão na área residencial foi a Bandeirantes, com avanço de 10,02%, seguida da Elektro, com aumento de 3,71%, seguido da CPFL, com 2,27%, enquanto a Piratininga registrou queda de 0,14% no período.
Mesmo com a recuperação do consumo das residências, o consumo total nas grandes distribuidoras nos 10 primeiros meses de 2004 foi inferior ao registrado em igual período de 2003, devido à migração dos consumidores industriais para a situação de consumidores livres. Com isso, a Copel por exemplo registrou queda na comercialização de energia de 2,58%.