Curitiba - No mundo globalizado o papel dos diplomatas é fundamental. No Brasil, país conhecido pela tradição diplomática, é uma carreira que abre várias possibilidades.
Todos os diplomatas brasileiros têm de passar no concurso de admissão do Instituto Rio Branco, órgão encarregado da seleção e treinamento desses profissionais. A seleção é realizada anualmente. É exigido diploma de nível superior, cuja especificidade varia conforme os requisitos descritos no edital do concurso.
Após a aprovação, o profissional realiza um estágio de dois anos nos moldes de um curso de mestrado. O primeiro passo na carreira diplomática é o trabalho como terceiro-secretário. Os cargos seguintes na linha evolutiva dessa carreira são segundo-secretário, primeiro-secretário, conselheiro, ministro de segunda classe e ministro de primeira classe (embaixador).
Camile Nemitz Filippozzi, de 37 anos, entrou na carreira de diplomata em 2000. Trabalhou em Brasília, na Divisão de Europa do Itamaraty, fez estágio em Bogotá, atuou na missão junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington e na embaixada brasileira em Assunção e agora está no escritório de Porto Alegre, como primeira-secretária.
''Sempre tive interesse na carreira de diplomata. Estudei Direito já pensando no concurso do Instituto Rio Branco'', explica. ''O que me atraiu foi o fato de ser uma profissão que englobava tudo que eu gostava, política, línguas, uma diversidade de matérias. Como diplomata, você pode tratar de assuntos culturais, de política, de imprensa.''
Na definição do Itamaraty, diplomatas têm atribuições essencialmente políticas, ao representar o Brasil na comunidade de nações, colher informações para formulação da política externa do País, participar de reuniões internacionais, negociar em nome do Brasil, dar assistência às missões brasileiras no exterior, proteger os compatriotas e promover a cultura e os valores do povo brasileiro.
''Os diplomatas são os representantes brasileiros no exterior. É um profissional que tem que estar capacitado integralmente. Deve conhecer os tratados internacionais, dominar vários temas (direito, economia, cultura, política), conhecer a cultura dos outros países e ser versátil. Às vezes, fecha-se um acordo a partir de uma pequena conversa sobre um tema que não tinha nada a ver com o assunto inicial'', explica Miguel Roberto Ortiz Rojas, diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Diplomáticos (Ibrae).
De acordo com o Itamaraty, o diplomata passa em média metade da vida profissional no exterior. A permanência média em cada posto é de três anos. No Brasil, o profissional pode trabalhar em Brasília ou em um dos escritórios de representação regional (Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Pará). No exterior, o Itamaraty conta com 117 embaixadas, 55 consulados, 15 vice-consulados e 15 missões junto a organismos internacionais.
Camile Filippozzi relata que, em razão das constantes mudanças, o diplomata tem que ter capacidade de adaptação e saber trabalhar essa questão com a família. ''Além disso, o profissional precisa ter capacidade de negociação e de análise. É importante ter conhecimentos multidisciplinares, mas a carreira permite a especialização em determinados assuntos. Muitos fazem carreira em (relação) multilateral, por exemplo, ou se dedicam mais à parte econômica. Se a pessoa gosta muito de um tema, isso é valorizado e pode ser usado em vários postos'', explica.
As promoções ocorrem basicamente por critérios de antiguidade e merecimento. O período mínimo de permanência em cada classe é de quatro anos. Dessa forma, para se chegar ao cargo de embaixador, são necessários pelo menos 20 anos. O salário inicial bruto de terceiro-secretário é, de acordo com o último edital, de aproximadamente R$ 12,4 mil. Conforme a evolução na carreira e o posto, a remuneração varia.